Aos Perdidos, com Amor e socos contínuos no estômago

Título: Aos Perdidos, com Amor
Autor: Brigid Kemmerer
Editora: Plataforma 21
Skoob: Adicionar

Sinopse: Juliet Young sempre escreveu cartas para sua mãe. Mesmo depois da morte dela, continua escrevendo – e as deixa no cemitério. É a única coisa que tem ajudado a jovem a não se perder de si mesma. Já Declan Murphy é o típico rebelde. O cara da escola de quem sempre desconfiam que fará algo errado, ou até ilegal. O que poucos sabem é que, apesar da aparência durona, ele se sente perdido. Enquanto cumpre pena prestando serviço comunitário no cemitério local, vive assombrado por fantasmas do passado. Um dia, Declan encontra uma carta anônima em um túmulo e reconhece a dor presente nela. Assim, começa a se corresponder com uma desconhecida... exceto por um detalhe: Juliet e Declan não são completos desconhecidos um do outro. Eles estudam na mesma escola, porém são tão diferentes que sempre se repeliram. E agora, sem saber, trocam os segredos mais íntimos. Mas, aos poucos, a vida real começa a interferir no universo particular das confidências. E isso pode separá-los ou uni-los para sempre. Entre cartas, e-mails e relatos, Brigid Kemmerer constrói uma trama intensa, repleta de descobertas e narrada sob o ponto de vista dos dois personagens. Uma história de amor moderna de arrebatar o coração.

Em meio a um mar de livros que começava e não conseguia acabar, Aos Perdidos, com Amor me chegou de maneira incomum. Estava entediada, olhando os mais de 600 ebooks no meu Kindle, tentando encontrar um que realmente quisesse ler, mas nenhum parecia chamar minha atenção. Foi quando a tela travou na página onde ele estava, e percebi que tinha tempo que não lia um jovem adulto decente. Na verdade tinha tempo que não lia um jovem adulto e fim de papo. 

Então comecei, e sabe o que me prendeu na história? A dor. A dor da primeira carta a que temos acesso, e que a Declan tem acesso também. Na verdade, a dor e a referência a fotografia, visto que a mãe de Juliet era uma fotógrafa de zonas de guerra, e esse assunto é falado a todo momento na história. Isso me lembra bastante o Sebastião Salgado, e vocês bem sabem que ele é meu fotógrafo predileto no mundo. 

Então, movida a dor e a curiosidade, fui firme na leitura. E eu, que não tinha esperança de me ambientar com facilidade, me vi devorando em dois dias. Estava ligada. Estava apaixonada, e até com raiva. E quando um livro consegue provocar sentimentos tão controversos no leitor, normalmente é porque é um bom livro. 

Temos Juliet, que teve a mãe morta em um acidente de carro, e a quem ela deixa cartas no túmulo com frequência, porque era algo que elas faziam quando a mulher estava viva. E temos Declan, que está cumprindo pena educativa em um cemitério por ter bebido e destruído um prédio com o carro do pai. Ele acaba encontrando a carta de Juliet e deixa uma resposta, e assim começa um relacionamento "a distância". Ambos dividindo dores da perda. Ambos se ajudando a seguir em frente e agir inesperadamente. 

Olha, eu fico procurando hoje motivos para reclamar desse livro e não encontro. Os personagens principais são bons, e bons no sentido de bem construídos, porque eles tem defeitos que por muitas vezes me deu vontade de socar os dois, como todo adolescente. Mas a gente entende que os defeitos é parte de quem eles são, e, porra, são ótimos personagens! Sem esses defeitos não teriam a mesma humanidade que ambos tem. 

Os coadjuvantes também não ficam atrás. Até os ruins são cativantes, porque eles precisam ser ruins para a história funcionar. Na verdade o leitor entende que tudo em Aos Perdidos, com amor funciona como um organismo vivo e único. Eles se completam e precisam estar no mesmo lugar para funcionarem. Do melhor amigo de Declan, ao padastro dele. Da melhor amiga de Juliet, ao pai dela, aos professores "anjos" de ambos. Tudo tem seu lugar e seu jeito de acontecer. 

O ritmo da história é muito bom, e a autora joga um certo mistério que te faz ficar preso no livro até o fim. E acho que esse é um super ponto positivo para esse livro: A forma como a autora constrói a trama, como se fossem galhos de uma árvore. Você precisa de mais. Não existe aquele momento de stand by no livro. É sempre algo. Uma vontade de matar um padastro, uma vontade de sacudir um pai, um desejo de gritar para os dois que eles precisam enxergar que um esta exatamente ao lado do outro, em todos os sentidos. 

Enfim, não encontrei defeitos. Tudo amarradinho da maneira correta. Gosto de livros de dores adolescentes, e esse entrou fácil na minha lista de prediletos na categoria. Muito, muito amor por essa história.