Resenha de "Robopocalipse" (Daniel H. Wilson)

Título: Robopocalipse
Autor: Daniel H. Wilson
Editora: Record
Skoob: Adicionar

Sinopse: Ela está na sua casa. Ela está no seu carro. Ela está no céu. Ela está no seu bolso. E agora a tecnologia quer acabar com você. Uma inteligência artificial é criada, Archos. Em segundos de análise de dados, ela conclui que a humanidade é descartável. A partir disso, ela toma conta de toda forma de tecnologia on-line do mundo. Primeiro, pequenos bugs em equipamentos e programas são percebidos, sem que ninguém perceba nenhuma conexão entre os acontecimentos. Então, no que ficou conhecido como a hora H, Archos lança um ataque total contra a raça humana. Por isso, para detê-la, a humanidade deverá fazer algo que jamais foi tentado antes: unir-se por um objetivo em comum.

Sou uma total aficionada por livros pós apocalípticos e afins. Acho que existe um verdadeiro fascínio em observar o que as pessoas são capazes de fazer para sobreviver. Seja por conta de um vírus devastador, zumbis ou, nesse caso, robôs. Depois de assistir Eu, robô você meio que para para pensar o que aconteceria se chegássemos a algo assim. E que dentre todos os apocalipses possíveis na ficção científica, talvez o Asimov tenha se aproximado mais da realidade. Quantos e quantos computadores com A.I são criados todos os dias em prol de facilitar nossas vidas? Diversos. E quem garante que essa A.I não vá chegar a um ponto em que não vá ser possível controlar? 

Esse livro foi de começo difícil para mim. Tenho dificuldade com livros com sejam relatos, e não histórias contínuas. Sofri isso com A Passagem e Guerra Mundial Z. Você vai saltando por histórias aparentemente sem conexão alguma entre personagens que não aparentam ter qualquer reconhecimento da vida um do outro, e nisso parecia que eu estava lendo pequenos contos, e o interesse se perdia facilmente. Não sou grabde fã de contos. Sendo bem sincera? Só vim me entrosar com a história lá para a página 250. Mas de lá para o fim eu praticamente devorei, e bati palmas várias vezes para o autor. 

Sim, alguns personagens tem uma leve aparição e depois não voltam. Outros você acha que nunca mais vai ver e reaparecem lá na frente. Sempre com um tipo de prólogo em cada capítulo, feito pelo o que seria nosso protagonista principal, Cormac, e com epílogo dele em cada trecho deles também. Eram as partes importantes para prender o leitor. Se não fossem essas passagens de Cormac, não sei se teria chegado ao fim da leitura. Porque ainda que os capítulos sejam incríveis individualmente em sua essência, eu preciso de um mínimo de ligação para seguir firme em uma história, e tirando o fato dos vilões serem robôs, no início não há qualquer ligação de nada com nada. 

Uma coisa interessante a se dizer sobre os robôs é que eles não se enxergam como vilões. Mas, Carol, quase nenhum vilão se enxerga como vilão. Eu sei, mas a diferença aqui é que eu entendo as atitudes deles. São máquinas racionais, e naquele momento elas calcularam que o melhor para a sobrevivência dos humanos na Terra seria fazer uma certa "varredura" pelo planeta. Tipo um desafogar do sufocamento de recursos naturais que vivemos. Tá, isso é desumano, mas compreensível. Eles não precisam ser humanos, e não tem muita lógica na ideia. Se continuarmos a viver do jeito que vivemos, em breve nada vai sobrar. Os robôs não estavam preocupados com a sobrevivência deles, mas do planeta em si. Tanto que eles dizimam cidades inteiras, mas conservam os animais e a vegetação. Eles zelam pelo sagrado, entende?

Mas nós somos um tipo de parasita. Nos grudamos naquilo que vá garantir nossa sobrevivência até sugarmos tudo o que tem para ser sugados, e depois mudamos para outro hospedeiro e voltamos ao ato de sugar. É horrível se analisarmos assim, não é? Mas é exatamente assim que somos. Então, sim, entendo os robôs. Mas também admiro essa força que surge por nos manter vivos. Aquela força que está adormecida lá dentro de nós, porque felizmente não vivemos nos tempos da caverna e normalmente podemos botar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilos de noite sem o medo de um ataque eminente. O melhor dos seres humanos - e o pior também - surge quando estamos ameaçados. Humanidade é um termo que anda bem junto com caridade, e estamos carentes disso. 

Enfim, é um livro que apesar de ter me cansado um bocado, principalmente no início, deixa uma reflexão ímpar. A última vez que pensei tanto sobre um livro foi com Planeta dos Macacos, e todos sabemos que ele é um clássico da Ficção científica. Livros que nos deixam pensativos é a melhor parte de ser um leitor. De histórias esquecíveis o mundo está cheio. 

Infelizmente não foi um livro que rendeu muitos comentários na internet, o que é uma pena, mas é nitidamente um livro que deveria ser debatido. Todo livro sobre apocalipse deveria ser debatido, na verdade. Porque a ficção científica é o primórdio da ciência e da realidade, e estudarmos as possibilidades é a melhor forma de nos manter vivos.