Resenha de "Nevernight" (Jay Kristoff)

Título: Nevernight
Autor: Jay Kristoff
Editora: Plataforma 21
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Sinopse: Há histórias sobre Mia Corvere, nem todas verdadeiras. Alguns a chamam de Moça Branca. Ou a Faz-Rei. Ou o Corvo. A matadora de matadores. Mas, uma coisa é certa, você deveria temê-la.Quando ela era criança, Darius Corvere – seu pai – foi acusado de insurreição contra a República de Itreya. Mia estava presente quando o carrasco puxou a alavanca, viu o rosto do pai se arroxeando e seus pés dançando à procura do chão, enquanto os cidadãos de Godsgrave gritavam “traidor, traidor, traidor”...
No mesmo dia, viu a mãe e o irmão caçula serem presos em nome de Aa, o Deus da Luz. E, embora os três sóis daquela terra não permitam que anoiteça por completo, uma escuridão digna de trevas tomou conta da menina. As sombras nunca mais a largaram.
Mia, agora com dezesseis anos, não se esqueceu daqueles que destruíram sua família. Deseja tirar a vida de todos eles. É por isso que ela quer se tornar uma serva da Igreja Vermelha – o mais mortal rebanho de assassinos de toda a República. O treinamento será árduo. Os professores não terão misericórdia. Não há espaço para amor ou amizade. Seus colegas e as provas poderão matá-la. Mas, se sobreviver até a iniciação, se for escolhida por Nossa Senhora do Bendito Assassinato… O maior massacre do qual se terá notícia poderá acontecer. Mia vai se vingar.

Estavam falando tanto sobre esse livro que resolvi que havia chegado a hora de ler. Afinal de contas, eu sou a fanática das fantasias com personagens badass femininas, e quando vieram me contar que Mia era uma dessas, entrei fundo nessa leitura. Não me decepcionei em nada, apesar de ter uma ou outra ressalva. 

Temos essa menina que tem um poder peculiar de manipular as sombras. Ela é acompanhada de um gato feito de sombras que chama de Sr. Simpático. Ele é tecnicamente o único amigo que possui, e para mim é o melhor personagem da história. Depois de ver o pai ser morto e o resto da família ser levada, Mia se esconde e passa a treinar para ingressar na Igreja Vermelha, uma espécie de escola de assassinos, onde ingressa aos dezesseis anos. 

A primeira cena desse livro é realmente incrível. Ela mescla dois momentos diferentes da história da Mia, mas que unem os sentimentos de ambos aos acontecimentos tão diversos um do outro. Sério, fiquei passada com o quão bem escrita que ficou essa passagem. Se estava receosa em ler esse livro, ele me ganhou aqui. 

Daí a gente começa a ver a trajetória da menina até chegar a Igreja, e isso toma boas páginas. E talvez essa parte tenha sido a mais cansativa para mim, porque eu queria saber se ela conseguiria chegar e em que condições chegaria. Sim, o começo pode ser bem exaustivo, e eu enrolei bastante até engrenar na história. 

Já a parte da Igreja é que funciona como uma espécie de escola, com horários de aula e tudo. O interessante é como são chamadas essas aulas, e como parecem fazer sentido quando se lembra que aquela é uma escola de assassinos. Isso talvez tenha sido o ponto máximo para mim desse lugar. 

Como o padrão desse tipo de livro, tem sempre aquele personagem odioso e que pode ser perigoso para a protagonista, e tem aquele romancezinho que aquece o coração. Nada tão meloso, ok? A história tanto do "antagonista" de Mia como do "amante" dela são altamente adultas para um livro tecnicamente escrito para um público mais jovem. Tem cenas violentas e tem cenas de sexo bem explícitas. Então, cuidado ai, garotada!

Sim, Mia é uma badass, do tipo que me deixa orgulhosa de ser mulher. Ela tem atitudes centradas, mas também aquela irreverência e impulsividade de ser apenas uma adolescente. O autor soube pesar a medida certa da personagem sem parecer forçado. Adoro ela!

Uma coisa que me deixou meio triste, mas que acho que será consertado em Godsgrave - segundo livro da série - é que pouco se sabe sobre o mundo que eles vivem. Existe magia, mas existem várias outras coisas também, e nada sabemos além do que os personagens nos contam. Como passamos boa parte da história bitolados em uma escola de assassinos, o mundo lá fora é um mistério. Mas, como o destino de Mia não está mais dentro das paredes da Igreja, acredito que tudo vai ser revelado. 

Muitas coisas ficaram em aberto na história, justamente porque o que o autor queria era nos deixar curiosos e pensativos sobre determinadas situações. Tudo é possível aqui dentro, por isso um corpo desaparecido pode não ser um corpo de fato. Entendem onde quero chegar? 

Enfim, é um livro grandioso. Uma fantasia completa em cada detalhe. As inúmeras notas de rodapé são responsáveis por parte das explicações que precisamos para entender um termo ou um dado que um ou outro personagem colocam. Pode ser irritante, afinal são muitas e longas, mas garanto que isso vai ajudar a construir a ideia de mundo de maneira eficiente enquanto não temos mais dele do lado de fora. 

Fica a dica para os amantes de fantasia.