Resenha de "As Coisas que Fazemos por Amor" (Kristin Hannah)

Título: As Coisas que Fazemos por Amor
Autor: Kristin Hannah
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
Skoob: Adicionar

Sinopse: “Kristin Hannah captura a felicidade e o sofrimento de uma família e prova mais uma vez por que é a estrela dos romances.” – Booklist“Este livro maravilhoso é um exemplo clássico das histórias tocantes e provocativas que são a especialidade de Kristin Hannah. A ternura e as complexidades dos personagens mexem com o nosso coração.” – Romantic Times
Caçula de três irmãs, Angela DeSaria já tinha traçado sua vida desde pequena: escola, faculdade, casamento, maternidade. Porém, depois de anos tentando engravidar, o relacionamento com o marido não resistiu, soterrado pelo peso dos sonhos não realizados.
Após o divórcio, Angie volta a morar na sua cidade natal e retorna ao seio da família carinhosa e meio doida. Em West End, onde a vida vai e vem ao sabor das marés, ela conhece a garota que mudará a sua vida para sempre.
Lauren Ribido é uma adolescente estudiosa, bem-educada e trabalhadora. Apesar de morar em uma das áreas mais decadentes da cidade com a mãe alcoólatra e negligente, a menina sonha cursar uma boa faculdade e ter um futuro melhor.
Desde o primeiro momento, Angie enxerga em Lauren algo especial e, rapidamente, uma forte conexão se forma: uma mulher que deseja um filho, uma menina que anseia pelo amor materno. Porém, nada poderia preparar as duas para a repercussão do relacionamento delas. Numa reviravolta dramática, Angie e Lauren serão testadas de forma extrema e, juntas, embarcarão em uma jornada tocante em busca do verdadeiro significado de família. 

Após seis anos de blog, cheguei a um livro que me tirou a capacidade de esquematizar uma resenha que caiba em sua grandeza. Não foi o melhor livro que li na vida, mas foi o que me fez chorar compulsivamente depois de 10 anos sem fazer isso com um livro. Então sim, ele merece todo o crédito e mais algum. 

Angie é uma mulher essencialmente triste. Tentou engravidar por anos, e depois de abortos e ter perdido um bebê após o nascimento, ela está em declínio, juntamente com seu casamento, que desceu ladeira gradativamente pelos acontecimentos. 

Quando Angie se separa de Conlam, ela resolve voltar para a cidade da família no interior, e restaurar a antiga grandeza do restaurante DeSaria, que está com eles há anos. Ocupar a cabeça com um novo projeto talvez não a faça pensar tanto nos bebês que perdeu e em sua incapacidade de ser mãe, uma coisa que ela tanto queria. 

Do outro lado temos Lauren, uma adolescente estudiosa e trabalhadora que vive com uma mãe que tem sérios problemas em aceitar ser mãe, e é totalmente relapsa com isso. Viciada em álcool e cigarros, incapaz de colocar dinheiro suficiente em casa, a mãe de Lauren não dá a mínima para a filha. 

É procurando um trabalho novo que Lauren e Angie viram amigas. E o que deveria ser uma relação exclusiva de trabalho, se torna uma amizade e um amor além do limite do que elas seriam capazes de imaginar. 

Olha, eu lendo o que já escrevi entendi como a sinopse desse livro é simples. Talvez eu não comprasse o livro por ela, e tudo bem, porque acredito que a mágica dessa história está não em "o que acontece", mas no "como acontece". 

Eu já tinha lido um livro da autora alguns anos atrás e lembro que gostei bastante, mas ele não me tocou como esse tocou. Nem de longe, e acho que essa questão de afinidade seja por conta do tema. Me identificava muito com Angie por essa questão de perder um filho e se sentir desestabilizada por muito tempo. Incapaz de aceitar que a dor dos outros possa ser maior do que a minha. Hoje minha filha teria dez anos e ainda me sufoca a ideia de pensar nela. É o tipo de dor que jamais vai embora, por mais criativas que sejam nossas ideias de fazê-la sumir. 

Mas também me identificava com Lauren, porque eu na idade dela era igualzinha. Sonhos grandes, dificuldades familiares, e uma penca de coisas que uma garota de dezessete anos não deveria passar. Então em suas cenas eu me sentia perdida, como me sentia pesada nas cenas que eram só de Angie, e aí eu culpo a brilhante escrita da autora. Ela transporta o sentimento do personagem com facilidade para o leitor. Ao ponto das coisas se embaralharem  e você não saber o que é seu e o que é daquela pessoa em cena. 

A maior coisa nesse livro são as grandezas de relacionamentos. Seja o das irmãs e mãe DeSaria, como de Angie para com Lauren. Ou de Lauren com Conlam, ou ainda de Lauren com seu namorado, David. Até quando eles fazem coisas idiotas, dá para sentir a intensidade do amor deles. E amor, meus caros, por mais belo que seja, também machuca. Na verdade as vezes machuca mais do que certas palavras de ódio. 

Eu tive cenas de precisar fechar o livro para não me debulhar em lágrimas, visto que a maioria dele eu li em períodos vagos do trabalho, e ia pegar mal se alguém chegasse e me visse aos prantos. Logo eu, que estava semana passada mesmo me vangloriando que não choro com livros, fiquei de olhos inchados de tanto que chorei. Pela identificação com os personagens, pela inveja de uma família estruturada... Não sei. O fato é que o livro me pegou de jeito. 

Devo salientar que não é um livro triste, ok? Só um livro emocionante. Tem passagens difíceis, mas necessárias. Contudo não é nada com gente doente - já digo logo porque detesto ler livros de pessoas doentes. Não precisa ter gente morrendo num livro para ele nos fazer chorar. Emoção também nos faz chorar, e dramas familiares são carregados de emoção. Passagens bonitas que nos deixam sem ar, mesmo a mais boba delas. Ver caridade se transformar em afeto é uma das coisas mais poderosas da vida, e aqui isso transborda nas páginas. 

Enfim, eu indico esse livro de olhos fechados e ainda pisando em brasas. Dentro da sua categoria, foi o melhor livro do ano, sem dúvidas.