Resenha de "Três Coroas Negras" (Kendara Blake)

Título: Três Coroas Negras
Autor: Kendara Blake
Editora: GloboAlt
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Sinopse: Três herdeiras da coroa, cada uma com um poder mágico especial. Mirabella é uma elemental, capaz de produzir chamas e tempestades com um estalar de dedos. Katharine é uma envenenadora, com o poder de manipular os venenos mais mortais. E Arsinoe é uma naturalista, que tem a capacidade de fazer florescer a rosa mais vermelha e também controlar o mais feroz dos leões.Mas para coroar-se rainha, não basta ter nascido na família real. Cada irmã deve lutar por esse posto, no que não é apenas um jogo de ganhar ou perder: é uma batalha de vida ou morte. Na noite em que completam dezesseis anos, a batalha começa.

Confesso que não fui com muita sede ao pote quando peguei esse livro. Tinha lido outro da autora recentemente e que não achei muito bom. Mas como sou louca por todo lançamento que a GloboAlt entrega aos leitores, peguei para ler bem despretensiosamente. E que grata surpresa foi Três Coroas Negras para mim!

O que é importante ser entendido aqui é que essa é uma sociedade matriarcal. O poder maior fica nas mãos na rainha, e o rei só existe para compor um título e gerar descendentes ao reinado. Até o poder espiritual dessa sociedade está nas mãos de uma deusa, e não de um deus, como é comum no que se pensa sobre idade média. E não estou garantindo que esse livro se passe numa idade média, porque em momento nenhum o tempo histórico fica claro. Mas são os detalhes culturais que deixam isso transparecer nessa fantasia, ainda que o espaço geográfico onde acontece a história fica a cargo de uma ilha onde coisas "mágicas" podem acontecer, e sabendo que existe um continente onde tudo parece ser o nosso normal do outro lado da neblina.

Entendido isso? Ok! Então entendam também que a rainha gera três filhas apenas. Esse é todo o legado dela antes que tenha que sair do trono e esperar para que uma de suas filhas cresçam e tomem posse da coroa. E como isso acontece? Bem simples: Duas delas tem que morrer. É quase como um Jogos Vorazes entre irmãs.

Pensando na atualidade chega a ser repulsiva a ideia de uma irmã matando a outra por causa de uma coroa, mas esse tipo de coisa era muito comum antigamente, e se pararmos para pensar que essas três irmãs são criadas separadas, justamente para gerar essa distância e possibilidade, então é que o negócio fica parecendo mais simples.

Para completar o cenário dessa história, também é importante saber que cada irmã nasce com um dom. Não é uma coisa exatamente explicada na trama, mas é um fato. Algo muito superior ao controle dos habitantes dessa ilha. Tem algo de divino nesse contínuo nascimento triplo de rainhas com poderes diferentes. Uma sempre será naturalista, com poder de comandar animais e plantas. Outra será elementar, com o poder de controlar os elementos, e outra será a envenenadora, com o poder de suportar qualquer veneno sem ao menos uma única dorzinha de barriga. Elas chamam o momento do despertar dos poderes de dádiva, e isso é algo bem importante na história. 

Nesse contexto todo temos as protagonistas, Katherine, a envenenadora; Mirabella, a elementar, e Arsinoe, a naturalista. Separadas aos seis anos, as irmãs são criadas por famílias diferentes, em lados diferentes dessa ilha. Treinadas desde a infância até o momento onde elas fariam dezesseis anos e teriam que competir pela coroa. 

Esse livro é o primeiro de uma série, e nem me perguntem de quantos. Não achei informações realmente valiosas quanto a isso. Mas é um livro introdutório realmente de apresentação. Do universo criado pela autora, das três protagonistas e de tudo o que acontece até o Beltane, que digamos ser o marco de início do ano em que apenas uma delas restará. Então não espere ver o pau quebrar nesse livro, porque isso não acontece entre as três. Na verdade, a medida que você vai lendo, percebe que talvez isso seja o que elas menos querem. 

Não tive como escolher apenas uma delas como predileta. Amo o jeito tempestuoso e impulsivo de Arsinoe, adoro o coração enorme e apaixonante de Mirabella, e também a força de vontade e de espírito de Katherine. São realmente três protagonistas incríveis, e que tem igual peso na história com a intercalação de capítulos. 

Os coadjuvantes aqui também são importantes. Pelos olhos do que acontece com eles perto das rainhas é que entendemos toda a estrutura social, hierárquica e de poder dessa sociedade. Como qualquer briga por uma coroa, temos os bonzinhos e os cruéis, e acho que a autora os criou justamente para ter a quem culpar, quando as coisas derem errado em algum lado. Afinal, as rainhas são quem tem menos culpa de qualquer coisa aqui. São vítimas de uma cultura antiga, e não estão nem um pouco satisfeitas com ela. 

Tem um momento do livro que os acontecimentos estacionam. Como disse, é um livro de introdução e tem hora que ele cansa. Mas daí a autora insere algumas cenas de curiosidade para prender o leitor até a próximo capítulo daquela protagonista, e isso faz com que você tenha que ler os capítulos das outras. Ela soube usar de argumentos para convencer a leitura, e achei isso bem legal. 

Posso dizer aqui também que AMEI o final desse livro. Não só as últimas páginas, mas os acontecimentos um pouco anteriores ao Beltane, o que acontece nele e depois dele. A história começa a ganhar forças e se desenhar de maneira deliciosa. Terminei o livro de boca aberta e perguntando pelas páginas seguinte. Como assim ela acaba daquele jeito? Preciso de mais! O final é espetacular, e posso dizer que não esperava algo daquele tipo. A autora me surpreendeu positivamente em muitos aspectos. 

Recomendo a leitura com força para quem curte fantasia. Não é uma alta fantasia, tá? Mas tem elementos até que adultos para uma fantasia Ya. Livro maravilhoso! 




Resenha de "#Fui" (Viviane Maurey)

Título: #FUI
Autor: Viviane Maurey
Editora: GloboAlt
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Sinopse: Lully vai viajar!E não é uma viagem qualquer: ela vai passar quatro meses em um intercâmbio nos Estados Unidos e mal pode aguentar tanta ansiedade. Vai ser a primeira vez que ela vai passar tanto tempo longe de casa, ver neve e aproveitar todas as maravilhas que o País do Cheesebúrguer pode oferecer… A única parte difícil é esconder toda essa animação de seu namorado, Eric, que está compreensivelmente enciumado e nada satisfeito com o fato de a namorada ir viver tanta coisa nova longe dele.
Logo nos primeiros dias em Lake Tahoe, Lully já descobre qual será sua rotina: MUITA neve no hotel onde vai morar, MUITA neve na estação de ski onde vai trabalhar e MUITA neve para gelar as cervejas das festas que os novos amigos não cansam de organizar. É tudo muito diferente da
vida que levava no Brasil, mas, apesar de às vezes parecer difícil se adaptar, Lully está se dando muito bem.
Mas isso é só até ela se ver obrigada a fazer uma escolha determinante para o resto de sua vida. A viagem acaba revelando o quanto suas certezas e seguranças podem ser frágeis, e que quem parte em uma grande jornada, dificilmente voltará a ser a mesma pessoa de antes…

Saca quando rola "aquela" identificação com uma personagem? Fui eu com Lully. Ela sou eu, só que mais nova e com uma aparência bem melhor (pelo menos na minha cabeça).

Lully está indo fazer intercâmbio nos EUA. Vai passar quatro meses longe da mãe, dos amigos e do namorado. Mas a empolgação para fazer essa viagem é tão grande, que de início isso nem pesa na cabeça dela, nem na nossa, leitores animados com a ansiedade dela. 

Junto com Lully vão outros intercambistas. Os meses serão passados num lugarzinho chamado Lake Tahoe, com tanta neve que ela é a própria chamada para os turistas da cidade nessa época. Os que vão em busca das montanhas para esquiar. Nessa montanha tem os estabelecimentos onde os intercambistas irão trabalhar, e o de Lully é um tipo de lanchonete.  

Acontece que essa viagem, que começa um sonho despreocupado, acaba virando uma loucura. Não por acontecimentos externos - e tem muitos desses também - mas o foco está no que muda dentro da protagonista. Ela sabe que não há chance de voltar da mesma forma que foi, e isso assusta pra caramba. 

Gente, é um livro simples. De ideia simples, de estrutura simples. Ainda que a história se passe com jovens no começo da fase adulta, e até alguns adultos, eu o enquadraria como um YA, porque os acontecimentos são leves e que qualquer adolescente que pensa em intercâmbio pode ler despreocupado. Acho até que ele é um instrumentos muito interessante para quem pensa em fazer uma viagem como essa. A autora sabe explorar muito bem essa ideia de viver por um tempo fora do país. Desde coisas simples, como vistos de viagem e morar em hotéis com varias pessoas no mesmo quarto, até os dramas, como a saudade da família e adoecer longe de casa. 

Também preciso ressaltar que um dos pontos positivos que mais amei aqui foi a protagonista. Sério, ela super entra no meu ranking de melhores do ano. Não sei se porque parece muito comigo quando mais nova, e isso completa o meu vazio atual, ou de fato por ser tão pra cima. Uma vivacidade que não é comum, e que se visse em alguém hoje em dia chamaria de drogado ou doido (rsrs). Lully é viva, sem mais. Um coração enorme, e um conhecimento de coisas nerds o suficiente para me fazer rir a toa. 

Existem várias referências a cultura geek. Desde citações de Star Wars a detalhes de Fringe. Não tinha um seriado ou filme que fosse citado que eu não conhecesse e amasse. Por experiência própria digo que esse tipo de informação pede um glossário. Escrevi um livro uma vez que era assim, e sempre lia comentários como... "Não sei que série é essa" ou "Não faz o meu estilo". A mim não incomodou nem um pouco, conhecia tudo, mas aposto que algumas pessoas vão falar disso. 

Sabe como me senti quando acabei essa leitura? Leve. Estupidamente leve, como há muito não me sentia. Um livro divertidíssimo, porque a protagonista é muito divertida, e com a pitada de drama normal nesse estilo de narrativa. Aquele romance que te faz repensar os seus de juventude, e tudo o que não fomos capazes de fazer por falta de foco, ou oportunidades, de fato. 

Eu sentia frio lendo esse livro. De verdade. A neve era até palpável. Eu nem sei quanto tempo sonhei em conhecer a neve, e fazer um anjo na neve, e deixar os pingos da neve caírem em minha língua... Tudo isso eu vivi um pouco através de Lully. Ficava olhando meus filhos dormirem na cama ao lado, porque é a única hora que consigo ler, e pensando que isso é algo que provavelmente jamais verei ao vivo. Talvez através deles, e sempre através dos livros. Me apego a isso com fervor.  

Delicinha de livro para passar o tempo! Não conhecia nada da autora, mas já estou ansiosa por mais coisas dela. Tem aquela escrita que te faz flutuar de tão despretensiosa. Adoro! Sem contar que o título diz muito sobre muitas coisas. 

Fui morar nos EUA...
Fui me conhecer de verdade...
Fui descobrir o mundo numa montanha de neve...
Fui me reinventar!

Quantos "Fuis" vivemos diariamente? Talvez menos do que gostaríamos, mas o suficiente para continuarmos. É isso ai, e vamos simbora! 


Resenha de "Irmãos de Sangue" (Nora Roberts)

Título: Irmãos de Sangue
Autor: Nora Roberts
Editora: Arqueiro
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Sinopse: A misteriosa Pedra Pagã sempre foi um local proibido na floresta Hawkins. Por isso mesmo, é o lugar ideal para três garotos de 10 anos acamparem escondidos e firmarem um pacto de irmandade. O que Caleb, Fox e Gage não imaginavam é que ganhariam poderes sobrenaturais e libertariam uma força demoníaca.Desde então, a cada sete anos, a partir do sétimo dia do sétimo mês, acontecimentos estranhos ocorrem em Hawkins Hollow. No período de uma semana, famílias são destruídas e amigos se voltam uns contra os outros em meio a um inferno na Terra.
Vinte e um anos depois do pacto, a repórter Quinn Black chega à cidade para pesquisar sobre o estranho fenômeno e, com sua aguçada sensibilidade, logo sente o mal que vive ali. À medida que o tempo passa,
Caleb e ela veem seus destinos se unirem por um desejo incontrolável enquanto percebem a agitação das trevas crescer com o potencial de destruir a cidade.
Em Irmãos de Sangue, Nora Roberts mostra uma nova faceta como escritora, dando início a uma trilogia arrebatadora em que o amor é a força necessária para vencer os sombrios obstáculos de um lugar dominado pelo mal.


Que delícia quando encontro um livro de Nora que me faz lembrar da minha infância! Que tem aquele gostinho de quero mais. Não lembro de alguma outra vez que li algum livro dela que me fizesse esperar ansiosa pela continuação, e esse eu estou. Muito!

O livro começa em outro século. Naquela época em que se você soubesse que planta usar para curar alguém seria chamado de bruxo e queimado em uma fogueira. E nesse começo conhecemos um homem que está prestes a ser condenado de bruxaria se preparando para isso, depois de ter despachado a mulher grávida para longe tentando protegê-la. 

Desse momento pulamos para quando nossos protagonistas são crianças, vão passar o aniversario de dez anos na floresta e algo sobrenatural acontece com eles por lá, marcando os três no físico e no psicológico por todos os anos seguintes. 

Ficamos sabendo que de sete em sete anos, depois desse incidente, nessa cidade onde eles moram algo acontece que deixa as pessoas malucas. Cometendo atos anormais e cruéis por razão alguma. E a cidade acaba sendo conhecida por isso a tal ponto que chama a atenção de uma jornalista do sobrenatural, Quinn, que decide escrever sobre isso, e vai passar um tempo por lá, recebendo ajuda de Caleb, um dos meninos que estavam na floresta naquela noite. 

Tá, não vou mentir, é um romance. Poxa vida, é Nora, gente! Mas eu juro que isso é o que menos importa nessa história. Na verdade eu li com impaciência os momentos de amor de Caleb e Quinn , porque eu queria o lance de sobrenatural, que é, de longe, a melhor coisa dessa história. 

Devo dizer que a autora soube escrever muito bem desde o início. Os personagens são bem caracterizados desde a fase de criança, e o que eles são acabam levando para a fase adulta com maestria. São aquilo e pronto. Ótimos em suas particularidades interessantes. 

O que a autora criou também é muito digno. O demônio e a ligação que essas seis pessoas (sim, existem mais duas que aparecem depois) tem ficou um trem muito bem trabalhado. Pessoalmente não encontrei falhas, e sou chata para isso. De algum modo a estrutura me lembrava bastante as de O Pacto e de It,o que quer dizer muito da história, e do quanto gostei dela. 

Adoro Quinn! Tem um temperamento semelhante ao meu. É elétrica, viva e de uma sagacidade impar. Já Caleb não me arrebatou, mas entendo como funciona o grupo deles, e que Caleb é essencial para equilibrar a insanidade dos demais. Faz o tipo nerd que todo mundo quer ter em casa. 

É uma trilogia, e se assemelha com gosto a uma outra trilogia da autora. Aquela das bruxas, saca? Tanto na estrutura dos relacionamentos, como nessa jornada do herói de lutar contra um mal. Caramba, até a cena final se parece muito, inclusive a ambientação. 

Enfim, estou louca pelo segundo e já estou caçando outros livros do gênero por ai. Percebi que estava com saudade desse gênero, e é um dos meus prediletos. 

Fica a dica!

Resenha de "O Primeiro e o Último verão" (Leticia Wierzchowski)

Título: O Primeiro e  Último Verão
Autor: Leticia Wierzchowski
Editora: Globo (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Escrito por Letícia Wierzchowski, autora de A casa das sete mulheres, “O primeiro e o último verão” conduz o leitor a reflexões sobre episódios vividos por Clara no passado durante um verão inesquecível na praia de Pinhal. Aos catorze anos, a garota se apaixonou e deu o primeiro beijo, mas foi também quando começou a descobrir todas as preocupações e decepções que existem nas relações de amor. No livro, a personagem revela como conheceu o amor e a morte, e viveu toda a dor e a poesia que há em deixar a inocência da infância para crescer, um processo melancólico e doloroso para todos nós.

Uma coisa é necessário admitir... A autora tem um verdadeiro dom de se inserir como a protagonista de uma história, seja ela com oitenta anos, ou com oito. E isso sem perder a essência de quem é esse personagem, ou de fugir do que sua faixa etária exige dele. 

Nesse livro conhecemos a história de Clara, que vai com a família passar as férias de verão em Pinhal, um rito anual popular entre eles, e outras tantas famílias da região. O lugar ferve nessa época do ano, e é uma época que muitos de vocês mais velhos, como eu, vão se identificar bastante. Nada de celular, computador ou televisão. A coisa aqui é ir para rua, brincar até cansar, se sujar de sorvete e paquerar na pracinha da cidade. Olha que infância gostosa! 

Então no livro vemos esse verão, que mudou a vida não só de Clara, como do grupo de amigos que se reencontram todo ano. É o verão mais aguardado da protagonista, que combinou de passá-lo com sua paixonite, Deco. Até isso é nostálgico, porque antigamente era bem comum marcar de ficar com alguém. Patético, mas comum. 

Mesmo envolta nesse clima de romance, Clara também começa a vivenciar algo que até então não era importante na sua vida de criança/pré-adolescente... o casamento dos pais que está ruindo numa velocidade e força impressionantes. 

Basicamente é isso o que tem no livro, e um certo acontecimento que acaba com o verão deles já no fim da história. Mas sinceramente? Achei que foi pouco. 

A autora vende uma puta situação logo nas primeiras páginas, e o leitor fica achando que aconteceu algo tipo UOU. O problema é que o UOU para mim não é o mesmo UOU para uma adolescente dos anos 70. E tentei visualizar por esse ângulo, compreendendo a grandiosidade do que a autora tinha feito para aquele grupo de meninos. Contudo não foi um choque, nem ao menos me deixou levemente abalada. Talvez eu seja exigente, ou talvez não tenha conseguido enxergar a história na perspectiva que a autora entregou de maneira satisfatória. 

O fato é que terminei de ler o livro pensando "é isso? Só isso?". E fiquei triste por ter esperado mais, porque sei que ela cumpriu com o que propôs, e para o público que propôs. 

A história tem uma linha jovem, com uma protagonista jovem, e acontecimentos que vão deixar os jovens pensando "Estou vivendo isso", e fazer você, mais velho, pensar "Já vivi isso". São coisas comuns na idade de Clara, e combinam com todo o contexto da história. É legal lembrar como as funcionava a vida sem tanta tecnologia, e perceber que certos problemas persistem até hoje. Nisso não tenho do que reclamar, a autora soube fazer. E convenhamos, ela tem uma escrita lindíssima. 

Meu problema foi só com a questão da expectativa. Esperei demais, obtive algo insuficiente para justificar minha leitura de mais de cem páginas quando ando tão seletiva no que ler por falta de tempo. É... acho que essa foi toda a minha irritação. 

Esse livro eu indico para os mais jovens, ou para os de idade que gostem de um pouco - ou muito - de nostalgia. 

Resenha de "Uma Noite Como Esta" (Julia Quinn)

Título: Uma Noite como esta
Autor: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
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Sinopse: Daniel Smythe-Smith passou três anos exilado na Itália depois de um duelo com seu amigo, o gênio matemático Hugh Prentice, e quase o fez perder uma perna. Com isso o pai de Hugh, Lorde Ramsgate, o ameaçou dizendo que se ele não saísse do país seria morto, mas um dia ele recebe a visita de seu amigo, que o libera para voltar à Inglaterra...Ele volta justamente no dia da apresentação do Quarteto, mas encontra uma pessoa diferente ao piano (já que sua prima Sarah fingiu estar doente para não participar, Anne Wynter, a governanta das irmãs dela a substituiu), ao olhar para ela, ele fica encantado e, ao final da tortura apresentação ele corre para encontrá-la. Ao vê-la, não resiste e a beija, mesmo sem conhecê-la direito e ela, depois de um tempo escapa dele e se esconde.
Por falar em se esconder, Anne Wynter (ou melhor, Annelise Shawcross) esconde seu passado de todos, pois ela teve que se afastar de sua família, após ser enganada e humilhada por seu amado, que prometeu se casar com ela, sendo que na verdade já estava comprometido com uma mulher mais rica. Além de ter perdido a virgindade, o que já era terrível, ainda leva toda a culpa pelo que aconteceu, e por isso, ela não pode mais ter contato com a família e ela é levada para viver como governanta numa residência na Ilha de Man. Depois de um tempo, Anne foi contratada para cuidar das meninas Pleinsworth, primas de Daniel. E apesar da tentativa de manter seu passado oculto, a Lady Pleinsworth desconfiava que ela era de origem nobre e tinha motivos para negar sua criação.
Daniel, ao saber que Anne é a governanta de suas primas, resolve ir sempre à casa Pleinsworth sob o pretexto de vê-las, e sempre ia passear com elas, porque sabia que ela iria junto. E, com isso eles vão ficando cada vez mais apaixonados, mesmo que ela não adimita. Mas, o que ele não sabe, é que os segredos de Anne, vão além do tipo de criação que teve, e que agora, mais do que nunca, precisará conhecer o seu passado, pois ambos estão correndo perigo, e, desta vez, não tem nada a ver com o Lorde Ramsgate ou o duelo.

Ufaaaa!!!!!!
Essa foi a palavra que me veio a cabeça quando terminei de ler esse livro. Depois do fiasco que foi para mim a leitura de Simplesmente Paraíso, Uma Noite como Esta foi um deleite. E não sei ao certo se porque os protagonistas são envolventes, de fato não achei esse borogodó todo, mas eu amei a construção da história. Desde as partes engraçadas, até as tensas. 

Nesse livro o Smythe-Smith em questão é nada mais, nada menos do que um homem! Que os anjos digam amém! O irmão de Honória, que é a protagonista do livro anterior. Então não tem as cenas divertidas das primas tocando no quarteto? Tem sim, logo no início, mas não é uma prima que está no piano, e sim a governanta dela, já que essa fingiu uma doença de última hora para não precisar tocar. É ela, Anne, quem vai ser nossa protagonista. A governanta que foi obrigada a ocupar o piano. 

Claro que rola aquele instalove de Daniel para com Anne, e isso é uma coisa que me irrita profundamente. Mas tudo bem, a gente releva porque a cena onde tudo ocorre a princípio é muito bem desenhada para casar com maestria no primeiro volume, que termina no começo desse. É meio confuso, mas a autora faz valer cada página quando constrói essas intercessões fantásticas. 

Outro elogio preciso fazer as cenas divertidas. Senhor, como estava com saudade do humor da Quinn escrevendo sobre coisas cotidianas que viram piada. Tem uma certa preparação para uma peça de teatro que eu ri tanto que chorei, e tinha muito tempo que isso não acontecia comigo. 

Os diálogos que ela desenha são incríveis em cenas assim! Como se os personagens estivessem com as respostas na ponta da língua, e são todas afiadíssimas! Pessoalmente amo isso nos livros dela, e acredito que seja um consenso geral de quem curte a autora. 

Vamos dar o braço a torcer e dizer que rola um bocado de tensão aqui, e não falo só da sexual, mas em relação ao passado, tanto de Daniel, como de Anne. As cenas finais são uma delicinha, e eu fiquei realmente apreensiva para saber o que iria acontecer. Deus abençoe a cabeça dessa mulher, que sai de um livro lesado de tão parado para uma maravilha dessas. Já ando indicando como "livro para rir". Espere meu próximo vídeo de tag no canal! rsrs

Enfim, esse eu recomendo com gosto. Teve lá seus problemas, mas de modo geral superou o primeiro em muitas coisas. E estou louca pelo terceiro, porque o personagem masculino já ganhou meu coração nesse segundo. Vamos torcer para que seja tão bom quanto, ou melhor! Ahhh, adoraria se fosse melhor! 


Resenha de "Mil Beijos de Garoto" (Tillie Cole)

Título: Mil Beijos de Garoto
Autor:Tillie Cole
Editora: Planeta
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Sinopse: A estreia de Tillie Cole no Brasil, com o livro finalista em 2016 do Goodreads Choice AwardsUm beijo dura um instante. Mas mil beijos podem durar uma vida inteira. Um garoto. Uma garota. Um vínculo que é definido num momento e se prolonga por uma década. Um vínculo que nem o tempo nem a distância podem romper. Um vínculo que vai durar para sempre. Ao menos era o que eles imaginavam. Quando, aos dezessete anos, Rune Kristiansen retorna da Noruega para o lugar onde passou a infância – a cidade americana de Blossom Grove, na Geórgia –, ele só tem uma coisa em mente: reencontrar Poppy Litchfield, a garota que era sua cara-metade e que tinha prometido esperar fielmente por seu retorno. E ele quer descobrir por que, nos dois anos em que esteve fora, ela o deletou de sua vida sem dar nenhuma explicação. Este romance, finalista do Goodreads Choice Awards 2016, marca a estreia da adorada escritora Tillie Cole na ficção young adult. É também seu primeiro livro publicado no Brasil.

Eu queria poder vir aqui e esculhambar esse livro. Dizer que ele tem problemas suficientes para fazer com que vocês desistam de ler. Mas mesmo que eu tenha acabado arrasada, não posso fazer isso. Não posso e não devo, porque privar um leitor de conhecer essa maravilha, é o mesmo que pedir para alguém morrendo de sede ignorar um copo de água gelada.

O livro vai contar a história dessas duas crianças que moram em casas vizinhas. Se conhecem assim que Rune se muda, vindo da Noruega, e começam uma amizade que até a gente, leitor, vai questionar em muitos momentos se coisas assim existem de verdade.

Com o passar dos anos as coisas mudam de figura, e o que era só uma amizade passa a ser um relacionamento lindo. Doce, singelo e muito grandioso.

Só que a família de Rune precisa voltar para a Noruega, e isso acaba afetando tudo o que existe entre eles.Como ainda são jovens, não podem simplesmente escolher ficar juntos, e são separados por anos, na promessa de que vão esperar e continuar se falando na ausência. 

Acontece que Poppy some. Para de responder a todos os contatos dele. E é com muito rancor no coração que, quando volta para a cidade, vai em busca da verdade. E antes não tivesse ido...

O que escrevi ai em cima nem chega perto de explicar como diabos essa história é grandiosa, e olhe que ela tem um certo "algo" que me faria desgostar se soubesse do que se tratava antes de ler. Na verdade nem teria começado, mas Inês é morta, e de fato não me arrependo. 

Esses dois jovens são incríveis separados, e por mais psicopatas de tão amorosos um com o outro quando estão juntos, ainda não incríveis assim também. 

Desacreditava em muitos momentos do amor deles, acho que porque estou ficando velha e ranzinza e esqueci como é amar outra pessoa que não seja meus filhos em um nível alarmante desses. Penso que só os adolescentes são capazes disso... dessa entrega toda. Desse extremo. Adultos pesam tudo antes, e isso as vezes pode ser um saco. 

Tudo nessa história é sobre sensações, sabe? Não posso vir aqui e dizer o quão incrível é Poppy, o que de fato ela é, e o tanto que queria um Rune em minha vida, o que realmente queria. São as dores que a história deixa, e também os sorrisos. É a tranquilidade com a qual você começa a ler, e bagunça de quando termina. 

Eu me sentia acabada em cada página lá pra depois da metade. Queria gritar e chorar, mas sou dura na queda demais até para isso. Contudo confesso que aquele final...Jesus, tinha muito tempo que não lia um final tão belo. Algo que eu, enquanto escritora, escreveria com satisfação. Um tanto irreal, de fato, como quase tudo nesse livro em se tratando do amor deles dois, mas bonito demais para ser ignorado.

A história é aparentemente simples. Nada do que você ainda não tenha encontrado em outros YA da vida. É a escrita da Tillie Cole que surpreende. Que agarra, que afeta, que acaba. É uma puta escrita bonita, e olhe que estou sendo muito neutra aqui, porque eu ainda quero matá-la. rsrs

É uma bela história, mas venha até ela com o coração aberto. Você vai precisar, porque se despedir dela no final é doloroso e muito angustiante. Tem meses que li e ainda é uma ferida que machuca. E acredito que continuará machucando até que me cure por completo. Por isso não leio esse tipo de livro, não tenho psicológico para coisas assim. Mas recomendo com todo o meu ser.