Resenha de "O Par Perfeito" (Nora Roberts)

Título: O Par Perfeito
Autor: Nora Roberts
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Mesmo sendo conhecido como o mais durão dos irmãos, Ryder Montgomery deixa as mulheres aos seus pés quando coloca seu cinto de ferramentas. Nenhuma delas é imune a seu jeito sexy quando está no trabalho. Sem contar, é claro, Hope Beaumont, a gerente da Pousada BoonsBoro.
Ex-funcionária de um luxuoso hotel em Washington, Hope está acostumada à agitação e ao glamour, porém isso não significa que ela não aprecie os prazeres da cidade pequena. Sua vida está exatamente como ela deseja – exceto pela questão amorosa. Sua única interação com alguém do sexo oposto são as frequentes discussões com Ryder, que sempre lhe dá nos nervos. Ainda assim, qualquer um vê que há uma química inegável entre os dois.
Enquanto o dia a dia na pousada transcorre sem problemas graças aos instintos infalíveis de Hope, algumas pessoas de seu passado estão prestes a lhe fazer uma indesejável – e humilhante – visita. Mas, em vez de se afastar ao descobrir que Hope tem seus defeitos, Ryder só fica mais interessado por ela. Será que pessoas tão diferentes podem formar um par perfeito?
No livro que encerra a trilogia A Pousada, Nora Roberts apresenta Ryder Montgomery, que, ao tentar driblar o amor refugiando-se no trabalho, acabou sendo surpreendido pelo sentimento mais nobre e profundo que já teve.

Vamos finalizar mais uma série por aqui? Simbora! 

Ok, Par Perfeito é o último livro da série deliciosa da Nora Roberts chamada A Pousada. Não sou muito amores por Nora - vocês bem sabem disso - mas com essa série eu fui embora. Claro que como toda série tem aquele livro mais fraco, e o livro mais forte. Para a maioria das pessoas o forte é esse, mas para mim o amor eterno ainda fica com o primeiro. Possivelmente por conta da identificação que tive com a protagonista - dona de uma livraria e mãe. 

Nesse último volume vamos acompanhar a história do último irmão Montgomery, o Ryde, que é aquele tipo de cara curto e grosso e que não tem muito tempo para sentimentos exacerbados. Na verdade ele não acredita muito nisso, apesar dos irmãos estarem completamente felizes com as mulheres que amam. E no outro lado temos Hope, que veio de uma cidade grande e de um emprego grande para se tornar gerente da Pousada BoonsBoro, que é da mãe dos irmãos. 

Temos dois mundos bem diversos quando se trata de Ryde e Hope. Por isso se tornam o casal mais diferente em relação aos dos outros dois livros. Hope está magoada com as coisas que aconteceram ao seu coração quando ainda estava na cidade grande, graças ao seu ex chefe. Quer distância desse tipo de relacionamento, e quando se vê atraída pelo bruto Ryde, filho da sua chefe de agora, sabe que logo terá problemas. O mesmo acontece com ele, que ainda não vê como isso pode ter acontecido, mas que aconteceu mesmo assim. 

Eles mantem aquele tipo de relacionamento onde as pessoas dizem "é só um divertimento para passar o tempo", quando na verdade existe muito de sentimento em ambos, e que cresce gradativamente. O tipo de relacionamento cão e gato que a maioria dos leitores de romance adoram. Eu sou uma delas. 

Além de ver essa interação do casal, também é uma delícia ver como a pousada tem uma vida própria. Digo isso desde o primeiro volume... Boonsboro respira junto com os personagens, e esse foi um dos motivos que me fizeram apaixonar por essa série. Ver o lugar na ativa é mais do que maravilhoso. É como se a gente, leitor, tivesse pensado no projeto junto aos irmãos e agora o visse tomar vida. Sem contar que aquele mistério fantasmagórico é desvendado aqui, e vou te contar, morrendo de amores por ele. 

Enquanto romance, esse é o melhor livro dos três. Ainda que meu predileto seja o primeiro, a sintonia entre o lugar e os personagens ganham mais vida nesse último volume, sem contar o "cão e gato" que citei acima. 

Não sou muito chegada a Nora, como já comentei, mas essa série eu recomendo. Tem o selo de aprovação de Carol. 

Resenha de "O Garoto dos meus sonhos" (Lucy Kesting)

Título: O Garoto dos meus sonhos
Autor: Lucy Kesting
Editora: GloboAlt (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Desde quando consegue se lembrar, Alice tem sonhado com Max. Juntos eles viajaram o mundo, passearam em elefantes cor-de-rosa, fizeram guerra de biscoitos no Metropolitan Museum of Art... e acabaram se apaixonando. Max é o garoto dos sonhos – e somente dos sonhos – até o dia em que Alice o vê, surpreendentemente, na vida real. Mas ele não faz ideia de quem ela é... Ou faz? Enquanto começam a se conhecer, Alice percebe que o Max dos Sonhos em nada se parece com o Max Real. Ele é complicado e teimoso, além de ter uma namorada e uma vida inteira da qual Alice não faz parte. Quando coisas fantásticas dos sonhos começam estranhamente a aparecer na vida real – como pavões gigantes que falam, folhas de outono cor-de-rosa incandescente, e constelações de estrelas coloridas –, Alice e Max precisam tomar a difícil decisão de fazer isso tudo parar. Mesmo que os sonhos sejam mais encantadores que a realidade, seria realmente bom viver neles para sempre?


Vejam essa capa. Agora olhem de novo e percebam o quão incrível ela é. E pessoalmente é mais linda ainda. Acho que ela tem tudo a ver com o livro. Pena que a capa me fez esperar muito dele e, como já disse, esperar muito de algo é uma completa porcaria.

No livro conhecemos Alice, uma garota que está para se mudar junto com o pai. Vão morar na casa da avó, já falecida. A mãe estuda primatas em outro lugar do mundo e está longe há muito tempo. Tempo demais. Para se refugiar da porcaria que anda sua vida, ela se esconde nos sonhos, que é onde sempre encontra Max, um lindo menino que compartilha as mais incríveis experiências ao seu lado.

As coisas começam a ficar loucas quando logo no primeiro dia de aula ela encontra nada mais, nada menos do que Max! O seu Max dos sonhos, na sala de aula. E pior, ele parece não fazer a mínima ideia de quem ela é. Aliado a isso Alice começa a ver coisas dos sonhos na vida real, coisas que seriam impossíveis, e começa a se perguntar se está ficando maluca.

O livro tem um enredo bem intrigante. Adoro coisas sobre viagem no tempo/espaço e sonhos. Contudo são temas complicados de serem trabalhados sem cair em erros óbvios e clichês juvenis. E tá, o livro é para adolescentes e acredito que ao público ao qual ele se destinou está mais do que ótimo. O problema é que a maioria dos adultos pedem mais com temas que podem entregar mais, que foi o caso desse livro. O assunto era ótimo, e tinha muita coisa para se aprofundar. Invés disso a autora preferiu ficar numa zona de conforto como escritora e nos entregou pouco para o muito que pedia.

A narrativa dela é gostosa e o livro te leva com facilidade. Apesar de algumas explicações parecerem fantásticas demais, algumas delas tinham comprovação científica explicadas pela autora durante a história. Acredito realmente que ela pesquisou para escrever o livro, e isso é bem legal de ver. Existe todo um mundo nos sonhos, e ele é bem pouco desvendado pelas pessoas.

E ainda temos o drama adolescente de Alice apaixonada por um cara, que tem uma vida bacana e uma namorada mais bacana ainda. Eu até entendo o drama juvenil da menina e esse relacionamento complicado deles, mas daí a autora inclui outros personagens que não fazem sentido existirem, e até agora estou me perguntando a finalidade deles ali. Eram tão absurdos em alguns momentos que me davam nervosismo.

Se eu for analisar a história de maneira superficial, até que é boazinha. Tem seus momentos interessantes. Mas como uma leitora chata de jovem adulto, eu precisava de mais. Não se pode colocar um tema tão bacana como sonhos e não detalhar isso com cuidado, ou trabalhar com grandiosidade, como merecia. Acabou que a explicação ficou bem rasinha e o final bem previsível. Sério, estou cansada de adivinhar o final. E até tinha uns pensamentos sobe rumos que a autora poderia ter dado melhores do que o que ela deu, mas realmente ela foi para o lógico. Uma pena.

A nota baixa do livro é simplesmente pela construção rasa. Pelo tema pedir tanto e não entregar quase nada. Ainda que seja gostosinho de ler, além de rápido, tem esses pequenos pontos que no final das contas contaram muito contra ele.

Sobre "Não ser uma super heroína"

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Ontem, quando coloquei a cabeça no travesseiro, comecei a chorar compulsivamente. 

Passava da meia noite, minhas pernas pulsavam de dor, ainda não havia tomado banho e tinha olheiras que assustariam até o Conde Drácula. Estava com fome e precisava urinar há mais de quatro horas. O filho mais velho via televisão, encolhido num canto da cama, e a caçula havia acabado de pegar no sono, depois de horas pelejando para quem ela dormisse. 

Foi nessa hora, analisando o caos que estava o chão do quarto, a quantidade de copos espalhados sobre a cômoda, que entrei em desespero. Precisaria acordar dali a cinco horas e ter um quarto arrumado o suficiente para deixar minha mãe, que toma conta dos meninos pela manhã, se movimentar nele sem se sentir em um lixão. Então segurei meu sono e minha vontade de ler um pouco, e fui em busca de cafeína para me manter acordada o suficiente para organizar as coisas mais preocupantes. Em forma de remédio, lógico. Detesto café!

Tomei um remédio para dor muscular, guardei os brinquedos, dobrei os panos limpos, varri o chão do quarto, passei pano, levei copos e pratos sujos para a pia e recolhi o lixo espalhado. Só ai fui tomar um banho rápido e engolir um copo de suco com duas bolachas. Passava das duas quando coloquei a cabeça no travesseiro, e quando meu despertador tocou, precisamente as cinco, eu passei perto de jogar ele na parede ou destruir com um martelo. Caramba, parecia que tinha acabado de fechar os olhos!

Isso tem sido uma constante em minha vida, e só ontem, quando me vi chorando copiosamente e encolhida na cama, foi que percebi o quanto estava mal. O quanto me sentia mal fisicamente, psicologicamente e emocionalmente. E daí me sinto mal de novo porque acho que estou culpando a maternidade por isso, e eu amo meus filhos mais do que posso explicar. 

Sou uma mulher multifacetada. Consigo fazer comida com um bebê no colo, estender roupa enquanto tiro ela de cima da escada, ler algumas páginas de um livro ao mesmo tempo que ela samba no meu colo porque não sabe se quer mamar, brincar ou simplesmente torrar minha paciência. Preciso fazer dois tipos de comida porque o mais velho não gosta de ovo, e a pequena precisa comer. O mais velho não gosta de leite, e a pequena precisa. O mais velho não gosta de queijo, de peixe, de fígado... Na hora do banho não vou nem falar! É gritando com um para lavar a cabeça e esfregar os pés enquanto esquento água para ver se a pequena entra no clima noturno de sono. Não funciona muito bem. 

No pouco tempo do dia em que ela me dá um sossego, dois cochilos de meia hora, é quando vou lavar prato ou varrer casa. Tirar o pó superficialmente dos livros na sala ou tomar um banho para conseguir lavar o cabelo com decência. Tenho sempre que escolher o que fazer, e quase nunca é algo que quero fazer, mas que preciso. E olhe que meu filho nem começou o ano escolar, o que vai ser outra luta com a dificuldade que ele tem para aprender a ler.

De início me sentia forte, uma super heroína resistente que achava que isso ia melhorar logo e que depois ganharia um prêmio por ser uma mãe batalhadora, e ainda acredito parcialmente nisso, mas hoje sinto que estou definhando. Começou como uma pontada quando vi meu irmão indo assistir um filme que esperei muito tempo para ver e eu não ter como ir porque não tenho com quem deixar as crianças para isso. Depois quando vi uma amiga comprando uma calça nova para o ano novo e eu ter que usar o pouco de grana que tinha para material escolar e matrícula do mais velho. Sinceramente não lembro a última vez que comprei algo para me deixar visualmente mais agradável. Ando um trapo ambulante, e nem estou falando de roupas e sapatos, mas de fisionomia mesmo. De parecer saudável. 

Quando percebi que era inveja o que estava sentindo, tratei de me desligar disso e parar para pensar o que estava acontecendo. Não sou de sentir inveja, então algo estava errado. Era esse algo errado que começou com a pontada discreta, e que hoje são agulhadas na alma. Estou esgotada, e não posso mais ser uma heroína o tempo inteiro. Preciso desacelerar. Mas como diabos desacelera com duas crianças? Um tem sérios problemas de aprendizado e a outra ainda vai fazer um ano. Como me manter saudável quando nem consigo respirar quando penso em voltar para casa?

Sei que muitas mulheres passam por isso constantemente e que parece ser uma coisa normal, mas não é. Não é normal quando você cogita a possibilidade de ficar numa praça qualquer invés de querer ver seus filhos. Se tornou uma parte da cultura social que as mulheres façam tudo, mas elas são só humanas, gente. Só humanas! 

Não estou aqui para puxar um discurso feminista nem nada do tipo. Estou porque do mesmo jeito que me sinto mal, sozinha e rancorosa em metade do tempo, também acho que muitas mães se sentem do mesmo modo por ai. Talvez a gente possa se ajudar... Só talvez, e ultimamente uma possibilidade é melhor do que fingir que escuto quando meu filho quer falar do jogo predileto dele quando eu só queria uma hora de completo silêncio para ouvir meus pensamentos. 

Será que estou deprimida? Não sei, e realmente também não sei quando procurar ajuda e nem como. Depressão pós parto pode vir depois de um ano? Também não faço a mínima ideia. Tenho preguiça até de pensar sobre isso e me sentir pior do que já estou. 

Não sou uma super heroína, e precisei de um dia inteiro ouvindo minha filha chorar e meu filho gritar para saber que só queria estar longe por uma hora. Uma única hora de paz e eu estaria mais forte. Cheguei ao ponto de querer desesperadamente que o mais velho ficasse no celular para me deixar em paz, e que o pai da caçula resolvesse ficar com ela mais tempo do que apenas o período de eu conseguir fazer comida para todo mundo. Não consigo deixar de pensar na música do Titãs que diz que a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte... 

Já ouvi que sou frescurenta e negativa. Que tenho sempre que pensar pelo lado positivo de tudo, e eu me esforço para isso. Mas sinceramente? Foda-se ser positiva o tempo inteiro! Se anular para ser mãe, trabalhar fora de casa e ser dona de casa é comum, mas não venha me dizer que é normal. Por isso o mundo tá cheio de mulher depressiva e sendo trocada pelos maridos simplesmente porque o cara viu um sorriso vivo no rosto de outra mulher, quando ele tem sérios problemas em trabalhar o sorriso da sua própria, em casa, cuidando de seus filhos. Cansada de ouvir relatos assim, e cansada dessa cultura que nos elogia por sermos heroínas simplesmente por darmos conta de dez tarefas ao mesmo tempo. 

Depressão é uma coisa que chega lenta. Rasteja sinuosa pelo chão e entra em sua pele no segundo em que você suspira, perguntando o que diabos está acontecendo com você. Torna-se uma amiga leal e inseparável, fazendo seu peso dobrar, criando crateras amolecidas sob seus pés. As vezes tão funda que não dá para voltar.




Resenha de "Um Tom Mais Escuro de Magia" (V. E. Schwab)

Título: Um Tom mais escuro de magia
Autor: V. E. Schwab
Editora: Record
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Sinopse: Kell é um dos últimos Viajantes — magos com uma habilidade rara e cobiçada de viajar entre universos paralelos conectados por uma cidade mágica. Existe a Londres Cinza, suja e enfadonha, sem magia alguma e com um rei louco — George III. A Londres Vermelha, onde vida e magia são reverenciadas, e onde Kell foi criado ao lado de Rhy Maresh, o boêmio herdeiro de um império próspero. A Londres Branca: um lugar onde se luta para controlar a magia, e onde a magia reage, drenando a cidade até os ossos. E era uma vez... a Londres Negra. Mas ninguém mais fala sobre ela. Oficialmente, Kell é o Viajante Vermelho, embaixador do império Maresh, encarregado das correspondências mensais entre a realeza de cada Londres. Extra-oficialmente, Kell é um contrabandista, atendendo pessoas dispostas a pagar por mínimos vislumbres de um mundo que nunca verão. É um hobby desafiador com consequências perigosas que Kell agora conhecerá de perto. Fugindo para a Londres Cinza, Kell esbarra com Delilah Bard, uma ladra com grandes aspirações. Primeiro ela o assalta, depois o salva de um inimigo mortal e finalmente obriga Kell a levá-la para outro mundo a fim de experimentar uma aventura de verdade. Magia perigosa está à solta e a traição espreita em cada esquina. Para salvar todos os mundos, Kell e Lila primeiro precisam permanecer vivos.
 Já me peguei em muitos momentos pensando porque diabos ainda leio fantasia. Principalmente quando ando naquela época da minha vida como leitora que nenhuma parece colar comigo de um jeito positivo. Como se O Senhor dos Anéis tivesse me estragado para as outras fantasias do mundo, o que de fato foi. Mas quando paro para analisar, sei que o tipo de história, e a forma com a qual Tolkien a contou, não pode ser considerada como nada mais que exista na fase na Terra. Só ai eu sigo em frente, e abro minha mente para as tantas outras que existem por ai. A prova de que é um dos meus gêneros prediletos, é quando quatro dos dez melhores livros do ano são fantasias.

Um tom mais escuro de magia chegou de forma despretensiosa. Tinha uma premissa interessante, escrito por uma autora que eu morria de curiosidade em conhecer, e estava por um preço de banana na black friday. Então acabei comprando, e ele nem demorou muito no armário antes de ser lido. Não.
Lido não, devorado.

Aqui vamos conhecer a história de Kell, que é um Antari. Isso seria um homem que possui uma magia rara de poder atravessar dimensões. Ele vive na Londres Vermelha, que é uma das dimensões de Londres. Fora ela existe a cinza, que é a Londres que conhecemos, a Branca, um pouco mais forte quando o assunto é magia, e também um tanto mais cruel, e a extinta Londres Preta, que foi esquecida por todos quando consumida por magia, e isolada para que a magia forte dela não afetasse as demais Londres. Digamos que nosso protagonista é um tipo de carteiro real entre mundos. Ele transporta a correspondência dos reis de um canto a outro. Mas Kell também é um contrabandista de peças entre essas Londres, coisa que é proibida.

Já Lila, a outra protagonista, vive na Londres Cinza. É uma ladra incrível que já passou por coisa suficiente na vida e que sonha apenas em ter seu próprio navio, botas de pirata, um belo chapéu e uma espada imponente. Os roubos de Lila tem a finalidade de tirá-la da vida medíocre em que se enfiou. Até que ela esbarra em um homem machucado, que está fugindo de alguma coisa, e rouba um artefato pouco comum do seu bolso sem que ele perceba. Esse homem é Kell, que em um favor de "contrabando", levou para a sua Londres algo que não deveria ter saído de onde estava. Algo que carrega a magia em si. E uma magia perigosa.

Precisei de dois parágrafos para explicar um pouco do enredo do livro, e precisaria de mais uns dez para dizer o quanto ele foi incrível em cada página. Via muita gente falando horrores de Lila, e pessoalmente não vi uma personagem tão chata assim. Pelo contrário. Eu a adorei! Deus sabe que tenho uma tombo por personagens fortes e independentes. Principalmente se forem mulheres fortes e independentes. E também não posso dizer que deixei de me encantar por Kell. Ambos já eram incríveis antes de se juntarem, e depois foi só amor no meu coração.

A ideia da autora sobre as dimensões de Londres é muito boa. Nunca li nada dela além desse livro, apesar de ter outro parado em casa, mas posso dizer qua quando o assunto é fantasia, a mulher sabe trabalhar. Não deixou a desejar em momento algum na sua construção de "mundos". Você realmente enxerga cada Londres como se fossem folhas finas pairando umas sob as outras. Como uma televisão sintonizada em quatro canais ao mesmo tempo. É uma construção genial e muito possível no âmbito da magia literária.

O enredo do livro te prende do começo ao fim. Peguei sem esperar muito enquanto tomava café da manhã, precisei de pouco tempo para concluir, e já conclui com água na boca por mais. Eu preciso de mais para ontem! Apesar do livro fechar bonitinho nesse volume, as pontas do passado de Kell, Lila e os emocionais de ambos ficaram em aberto. São dois espíritos livres a quem a vida fez favor de juntar. E o que mais gostei foi que continuaram a ser espíritos livres, só que com um elo entre ambos. Quase uma corda invisível que os amarra. Sério, amei a amizade e doação dos dois. Ah, eu amei o livro inteiro!

O livro é uma delícia! Eu recomendo como uma boa fantasia jovem para passar o tempo.

Resenha de "As Cordas Mágicas" (Mitch Albom)

Título: As Cordas Mágicas
Autor: Mitch Albom
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Francisco Presto nasceu numa pequena cidade da Espanha em plena guerra civil. Com a infância marcada por tragédias, Frankie se torna pupilo de um professor de música cego, que se dedica a lhe ensinar tudo o que sabe.
Ao completar 9 anos, ele foge para os Estados Unidos carregando consigo apenas seus bens mais preciosos: um violão e seis cordas mágicas.
Com um talento fora do comum para tocar e cantar, Frankie rapidamente alcança o estrelato e influencia o cenário musical do século XX, apresentando-se ao lado de nomes consagrados como Elvis Presley e Little Richards.
No entanto, seu dom se transforma em um terrível fardo quando ele percebe que pode afetar o futuro das pessoas: uma corda de seu violão fica azul cada vez que uma vida é alterada.
No auge do sucesso, assombrado por seus erros e por seu estranho poder, Frankie sai de cena por anos, apenas para ressurgir para um espetacular e misterioso adeus.
  

Eu sou uma pessoa completamente ensandecida por música. É tanto que o primeiro livro que consegui escrever na minha vida tinha uma relação com o meio musical. Na verdade é música que escorre das páginas de A Mais Bela Melodia. Para mim o som é uma extensão da alma de alguém, seja o artista que a compôs ou o ouvinte que a sentiu ao ponto de perceber sua alma engrandecer numa ligação pessoal com aquela melodia. Existe algo de mágico com a música, e quando vi a sinopse desse livro, senti que precisava dele para ontem. E que maravilhosa surpresa descobrir essa joia rara. 

O livro começa com o enterro do músico Francisco Presto, o Frankie. E isso não é nenhuma novidade, ok? Está realmente nas primeiras páginas do livro. Nesse enterro, que é narrado de um modo bastante peculiar pelo autor, ficamos conhecendo, através de relatos de conhecidos, quem foi Frankie e o que ele representou para a música da época. É ai que vamos conhecendo a história do protagonista, numa visão em terceira pessoa de um mundo particular que é muito próximo a nós de uma maneira delicada. 

Eu poderia passar o dia aqui tecendo elogios acerca desse livro, e ainda assim não seria suficiente. Acredito que não consiga passar metade do que senti durante essa leitura, e acho de verdade que ela é do tipo para ser sentida. A vida desse protagonista é como se fosse uma página da poesia do seu autor de poemas predileto. Faz sentido? Talvez não, mas como falei, é difícil explicar. 

O autor usa de uns recursos narrativos escandalosos de bom para contar certas coisas. Seja com a cobertura jornalística no enterro de Frankie, ou simplesmente inserir o protagonista com grandes nomes da música, como se de fato ele estivesse estado lá. Chega a ser um apanhado histórico sobre a música da época de Elvis. Sabe o que me lembrou? Forrest Gump. Não num todo, mas nessas inserções na história da música de forma tão verossímil. 

Ainda que tenha momentos enfadonhos durante o livro, principalmente as lições sobre violão, as partes fluidas superam em muito. Acredito que elas tenham sido necessárias, apesar de cansativas. Não acredito que o autor deu ponto sem nó. O livro é todo necessário. Como se fosse aquele símbolo do infinito que faz um looping e volta para o ponto inicial. 

O fato da Música ser uma narradora dessa história também é algo bastante interessante. Como se ela comandasse as linhas escritas. Como se tivesse o poder que de fato tem na vida das pessoas, mas de uma maneira literária. Algo sublime de ser lido. 

Esse livro me lembrou de muita coisa boa na minha vida. Eu podia jurar até ter sentido o cheiro de alguns lugares a medida que a história ia sendo narrada. É muito bom quando um livro chega ao ponto de ser sensorial. Isso significa que o autor é uma pessoa delicada com o que escreve e com o "como escreve". 

Estou encantada com tudo. Com a trajetória musical da vida de Frankie, com o estilo de narrativa do autor, com o pouco de realismo fantástico presente na ideia das Cordas Mágicas, que para mim é mais uma alegoria a ideia da perseverança por um sonho do que qualquer outra coisa. 

É um livro sobre dons, e sinto muito se você não acredita nisso. Não dá para conceber pessoas como Beethoven ou Tolstói sem pensar em dom. Ainda que exista um treino para o alcance da perfeição, aquelas pessoas nasceram para isso, sem sombra de dúvida. Poderiam ter sido banqueiros? Sim! Mas não foram, e isso faz toda a diferença. 

Completamente apaixonada pelo o que autor construiu aqui, pela sensação que ele deixou em minha alma quando acabei de ler o livro, e por pensar que ele pode tocar outras pessoas exatamente como fez comigo. 

Se não leu, vá ler. Agora!

Resenha de "A Menina dos olhos molhados" (Marina Carvalho))

Título: A Menina dos Olhos Molhados
Autor: Marina Carvalho
Editora: GloboAlt (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Bernardo é jornalista por vocação: curioso, comprometido e muito bom com as palavras. Trabalha há anos em um importante jornal da cidade e suas matérias investigativas são sempre elogiadas. Ele só tem uma limitação... Odeia trabalhar em equipe. Há alguns anos, Bernardo sofreu com uma grande decepção amorosa, o que contribuiu para o seu jeito fechado e antipático. Por isso a incumbência de levar Rafaela – a nova estagiária do jornal – para todos os lugares é como o inferno para ele. Bernardo não perde nenhuma oportunidade de evitá-la, mas Rafa, além de ser uma jornalista extremamente talentosa, não engole desaforo. Com o passar dos dias, Bernardo percebe que não conseguirá seguir seu plano de ignorar a estagiária, muito menos todos os sentimentos que ela desperta nele. Entre reportagens intrigantes e perigosas, eles vão descobrir que têm muito mais em comum do que a imensa paixão pelo jornalismo...

Antes de vir escrever a resenha desse livro fui reler a de Azul da Cor do Mar e percebi como meu julgamento de leitura mudou nos últimos anos. Estou muito mais rigorosa com as coisas que leio, e isso tem seu lado positivo, porque me torna uma leitora exigente, e seu lado negativo, porque me transformo numa completa vaca com coisas bobas na leitura. Foi mais ou menos o que aconteceu com esse livro.

Para começar defendendo, devo dizer que foi total culpa minha não ter lido com atenção a sinopse e ter percebido que na verdade ele é o ponto de vista masculino de um livro que eu já havia lido, o Azul da cor do mar. E só vim perceber isso a medida que ia lendo e reconhecendo detalhes na trama. Só então foi pesquisar e entendi a semelhança, e daí entortei a boca porque simplesmente detesto livros com a mesma história, narrados pelos olhos do outro. Para mim isso é um completo desperdício de papel, quando tem tantas histórias novas para serem publicadas por ai.

Na resenha de Azul da Cor do Mar eu gostei de aspectos na história que hoje em dia acharia um saco, como a previsibilidade. Será que é porque já sabia o final? Pode ser, mas isso me irritou tanto que passei perto de abandonar o livro.

Outra coisa era o protagonista... minha gente, quase nada na vida do cara justificava ele ser um completo babaca mal educado, e ainda assim ele era, e a Rafa, a mocinha, aguentava isso numa boa porque precisava daquele trabalho. Era uma relação de amor e ódio dele para com ela que me lembrava coisa de adolescente que não sabe o que fazer quando começa a sentir algo por alguém.

Tá, Marina tem aquela coisa de me conquistar na narrativa. Ela é boa no que faz - muito boa - e é raro pegar um livro dela para ler e demorar muito nele. A coisa é fluida e prática. Não há como negar o talento da mulher para romances, e não seria uma boa blogueira literária se não admitisse isso. Acho que já li todos os livros da Marina lançados, e tem alguns que amo, como tem outros que foi um martírio a leitura, mas em nenhum dos casos demorei muito para ler. De alguma forma, a escrita dela me lembra o da Kiera Cass, que escreveu aquela bomba, que foi A Seleção, mas que eu comia em uma sentada graças a escrita maravilhosa da mulher.

Não me liguei a nada pessoalmente. O protagonista é um babaca, a mocinha uma lesada, e a história eu já conhecia, e por isso tive dificuldade de me encantar, já que não havia novidades para isso e sou muito ligada nas coisas inéditas. Dificilmente hoje em dia você me verá relendo algum livro, e te dou um real se achar na minha estante um livro que conte a mesma história pelo ponto de vista de outro personagem e que eu tenha comprado ou pedido voluntariamente. Não é minha praia.

Você pode ler ele independente de Azul da Cor do Mar. Claro que o contexto do outro ajuda, e pela minha resenha eu gostei bem mais dele do que desse. A parte bacana aqui é que conhece o passado de Bernardo e entende "razoavelmente" como ele chegou naquelas condições de cara chato e ranzinza. Fora isso não há muitas novidades. Mas é um livrinho interessante para se passar uma horinha se distraindo.

Resenha de "Sway" (Kat Spears)

Título: Sway
Autor: Kat Spears
Editora: GloboAlt (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Sway é o apelido de Jesse Alderman, por causa de seu talento para conseguir qualquer coisa para qualquer pessoa, como providenciar trabalhos escolares, fazer com que pessoas sejam expulsas da escola, arrumar cerveja para as festas, entre outras coisas, legais ou ilegais... É sabendo dessa fama que Ken Foster, o capitão do time de futebol da escola, pede a ele um trabalho controverso: Ken quer que Bridget Smalley saia com ele. Com seu humor ácido e seu jeito politicamente incorreto de ver a vida, Sway terá que encarar o trabalho mais difícil que já teve: sufocar todos os sentimentos que Bridget desperta nele, a única menina verdadeiramente boa que ele conheceu em toda a sua vida.


Ok, talvez eu esteja sendo extremamente chata com a nota que dei para esse livro. Mas se tem uma coisa que me irrita mais do que um conjunto de obra ruim, quando se trata de um livro, é um conjunto excelente e que não te diz nada, no final das contas. Que tinha tudo para ser excelente e que por algum motivo - sei lá qual diabos foi - pecou na resolução de tudo. 

Sway tem uma sinopse super babaca de tão simples. Jesse é um desses carinhas que não dá a mínima para o que os outros acham dele, e que vê a vida como um verdadeiro negócio. Ele negocia de tudo, sério, e aqui falo até de drogas. Segue a vida nas próprias regras que basicamente se resumem em "nada é bom ou mau, o pensamento é que torna as coisas assim". Então por ai já dá para perceber que ele na verdade não encara o que ele faz de maneira ruim. 

É o tipo de personagem que eu adoro. Atrevido, com as próprias ideias de vida e com um baita humor ácido. Como mãe acredito que um filho dessa forma seria um completo pesadelo, mas como leitora e escritora, ele é do tipo que gosto. O fato de ser uma espécie de "contrabandista de vontades", como costumo chamá-lo, é um charme nele. Entendo o pensamento do garoto... a escolha é de quem me pede. Eu só faço o que me pedem e que se ferre o resto! Penso parecido em metade do meu tempo, e já tenho provavelmente o dobro da idade que Jesse tem. 

Só que um simples cliente, com um simples pedido, faz com que o garoto comece a reavaliar seus pensamentos de vida. Quando Ken Foster o contrata para que consiga um encontro com Bridget Smalley, Jesse é obrigado a conhecer melhor a garota para obter um bom trabalho, e nessa de conhecer a resiliente Bridget, ele encontra o seu pesadelo - e sua salvação. 

O típico livro de romance adolescente, não é? E até que é, mas Sway tem algo de diferente em sua ideia, e isso me ganhou totalmente. Seja porque o mocinho é tremendamente aceitável para mim, ou por levantar questões interessantes para jovens, preconceito, deficiência e coisas do tipo. A autora conseguiu mostrar ideias bacanas em 250 páginas. Só que aí penso no problema que encontrei aqui... Sway pedia muito mais. 

Tá, agora que citei as coisas que amei nele - e foram muitas - vou citar as que não gostei. Primeiro que Bridget segue um estereotipo tão batido que me deu nos nervos. Esse negócio de ver a vida toda em rosa pink me dá agonia. Ela é toda sorrisos, ajuda e carinho. Ah, faz favor, ninguém é assim aqui do lado de fora! E tá que a autora precisava equilibrar a balança que era Jesse "malvado" com um bomba de bondade, mas ela não precisava forçar tanto a barra, né? A garota é tão de boa vida que parece falsidade ou insanidade. Não engulo gente assim. Nem na literatura. Revirei os olhos no mínimo umas cinco vezes para ela. Me sentia vendo unicórnios saltitantes em nuvens de algodão doce azuis.

Outra coisa que me irritou foi o final. Fui conquistada já na primeira página pelo tipo de pensamento do protagonista, e depois disso sempre esperei mais de tudo na história. Mas acaba que ela cai na mesmice e isso foi decepcionante para mim. Poxa, com tanta coisa bacana para trabalhar melhor, e voltamos para a merda de bater na mesma tecla irritante dos livros adolescentes mal desenvolvidos. 

Tenho que admitir que temos diálogos interessantes aqui, e personagens tão bons quanto. O fato de ter diversos fatores a favor da história me fez ficar mais irritada ainda com o final previsível e piegas que a autora criou. Caramba, mulher, você tinha um puta protagonista e ele pedia uma puta história além de um romance de colégio. Sério, isso me irritou profundamente. 

Mas eu indico Sway para um final de tarde. Um livro pequeno e tão simples de ler que a pessoa tira de letra em uma sentada. Só me irritou mesmo essa coisa da previsibilidade, mas foi passável para mim pela honra de conhecer Jesse. Por um mundo onde existam mais personagens como ele: adolescentes sendo adolescentes. Com seus próprios pensamentos deturpados e nada convencionais.

Resenha de "Eterno Namorado" (Nora Roberts)

Título: O Eterno Namorado
Autor: Nora Roberts
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Tudo o que acontece na vida de Owen Montgomery é meticulosamente organizado em uma planilha ou lista de tarefas. No trabalho não é diferente, e é graças a sua obsessão por ordem que a Pousada Boonsboro está prestes a ser inaugurada – dentro do cronograma. A única coisa que Owen jamais previu foi o efeito que Avery MacTavish teria sobre ele. A proprietária da pizzaria em frente à pousada sempre foi amiga da família e agora, enquanto vê em primeira mão a fantástica reforma pela qual o lugar está passando, também observa a mudança gradativa de seus sentimentos por Owen.
Os dois foram namorados de infância, e desde então tinham estado bem distantes dos pensamentos um do outro. O desejo que começa a surgir entre eles, porém, não tem nada de inocente e é impossível de ignorar.
Enquanto Owen e Avery decidem se render à paixão e levar seu relacionamento a um nível mais sério, a inauguração da pousada se aproxima e dá a toda a cidade um motivo para comemorar. Mas quando os traumas do passado de Avery batem à porta e a impedem de se entregar, Owen sabe que seu trabalho está longe de terminar. Agora ele precisa convencê-la a baixar a guarda e perceber que aquele que foi seu primeiro amor pode também ser seu eterno namorado.

Não morro de amores por Nora Roberts como um todo, mas gosto dessa série. Muito mais por conta da pousada Boonsboro do que necessariamente pelo romance retratado. Vai ver eu deveria ter sido arquiteta, e não professora ou bibliotecária. Ai... estou velha demais para isso. 

Então, vocês viram que eu amei o livro anterior (resenha). Sei que devo isso ao fato de me identificar loucamente com mães solteiras, e a protagonista ser uma. Então não é que não tenha gostado desse segundo volume, só que em comparação ao primeiro ele não foi tão bom. Questão apenas de afinidade, ok? 

Nesse volume vamos acompanhar a história do irmão centrado e altamente organizado, Owen, e da ruiva maravilhosa e louca que é dona da pizzaria em frente a pousada, dona Ashley. Apesar de amar o casal do livro anterior, não há como negar que esses dois juntos são ótimos e equilibram uma balança confortável no quesito relacionamentos. Ao inferno com essa coisa de iguais! Se há vontade de fazer funcionar, então há como moldar para que tudo se ajuste ao necessário para um relacionamento dar certo. 

Owen e Ashley tiveram um namorico de menino quando eram jovens. Acabaram se afastando porque a vida é estranha mesmo, e desde então mantem uma distância agradável um do outro. Mas isso está prestes a mudar quando Owen se descobre completamente apaixonado pela ruiva, e tem que fazer de tudo para tirar os traumas de infância que ela mantem desde que a mãe foi embora e deixou o pai para dar conta de tudo sozinho. Para ela, casamento é um tipo de instituição falida. Não posso negar, já que penso igualzinho. 

Então o foco desse livro é em como Owen vai fazer Ashley reaver esse conceito e convencer a mulher a continuar ao seu lado. Tarefa difícil, mas esse irmão Montegomery é focado demais no que quer e sempre dá um jeitinho de fazer dar certo. 

O casal funciona, mesmo com o clichê de amor de infância. Na verdade acredito que todo mundo nessa cidade acaba tendo um tipo ou outro de ligação. Cidade pequena e todos cresceram juntos, então é inevitável que haja algum relacionamento, mesmo um namorico infantil. 

Gosto demais dessa série por conta da pousada, e já disse isso aqui. Tem todo aquele clima de mistério que já comentei na resenha do livro anterior, e uma áurea que qualquer amante de literatura vai se encantar. Um lugar delicioso e tão bem escrito pela autora que dá para sentir até o cheirinho de madeira sendo cortada só com o passar das páginas. 

Ver a família Montgomery junta é um bônus extra. Amo o conjunto que eles formam, e como são leves e práticos uns com os outros.  Deus sabe que as famílias estão precisadas disso hoje em dia. Fazer do drama a comédia, as vezes, é uma coisa boa. 

Enfim, é um livro gostoso para passar uma tarde. Não tão bom quanto o primeiro, e como já disse, isso é uma questão de afinidade, mas ainda assim muito bom. 

Fica a dica. 


Resenha "Depois daquela Montanha" (Charles Martin)

Título: Depois daquela Montanha
Autor: Charles Martin
Editora: Arqueiro
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Sinopse: O Dr. Ben Payne acordou na neve. Flocos sobre os cílios. Vento cortante na pele. Dor aguda nas costelas toda vez que respirava fundo.
Teve flashes do que havia acontecido. Luzes piscavam no painel do avião. Ele estava conversando com o piloto. O piloto. Ataque cardíaco, sem dúvida.
Mas havia uma mulher também – Ashley, ele se lembra. Encontrou-a. Ombro deslocado. Perna quebrada.
Agora eles estão sozinhos, isolados a quase 3.500 metros de altitude, numa extensa área de floresta coberta por quilômetros de neve. Como sair dali e, ainda mais complicado, como tirar Ashley daquele lugar sem agravar seu estado? À medida que os dias passam, porém, vai ficando claro que, se Ben cuida das feridas físicas de Ashley, é ela quem revigora o coração dele. Cada vez mais um se torna o grande apoio e a maior motivação do outro. E, se há dúvidas de que possam sobreviver, uma certeza eles têm: nada jamais será igual em suas vidas.
Publicado em mais de dez países, Depois Daquela Montanha chegará às telas de cinema em 2017, com Kate Winslet (de Titanic) e Idris Elba (de Mandela) escalados para os papéis principais de uma história que vai reafirmar sua crença na vida e no poder do amor.

Não sei o motivo, mas livros com clima frio sempre me deixam depressiva. Toda vez que leio algo desse tipo, fico nostálgica e me sinto triste. Realmente triste. Acabo demorando mais do que gostaria na leitura, e normalmente culpo o clima. Não sei se de fato faz sentido, mas é o que percebo. 

Depois daquela montanha vai narrar um bom pedaço da vida do Dr. Ben Payne, um médico cirurgião que durante uma pausa em um aeroporto, esperando voltar para casa, acaba conhecendo Ashley, uma jornalista que está indo para o mesmo caminho. 

Com o mau tempo todos os vôos são cancelados, e na pressa que ambos estão para voltar para casa, Ben porque tem uma cirurgia marcada e Ashley porque vai se casar, acabam fretando um voo particular. E, claro, isso acaba não saindo como o planejado quando o avião cai no meio do nada, e ambos ficam presos na neve. A mulher com muitos ferimentos, e o médico com o suficiente deles para achar que ambos iriam morrer ali. 

Ben é um personagem carismático. Apesar de na dele e daquele jeito maduro que costuma me afastar dos personagens por falta de empatia, ele tem um carisma natural que acaba sendo a graça de sua personalidade. O fato de tudo dividir com um gravador de voz, chega a nos aproximar muito do personagem ao ponto de querer colocá-lo no braço. Ver flashs narrados por ele do que era sua vida até aquele momento nos dá forças como leitores para fazer com que Ben saia daquela situação e volte para casa. 

Já Ashley a gente só conhece pelo ponto de vista dele, e pelas coisas que ela mesma diz. E apesar de não ser necessariamente a protagonista, ela tem um papel fundamental em toda trama. Ela quem faz o médico reavaliar muita coisa em sua própria vida. Além de que, é outra personagem maravilhosa. Não tão taciturna como ele. Na verdade ela tem um humor tão bom que por vezes ficava me questionando a realidade da mulher. "As chances de sobreviver são mínimas, então vamos fazer uma piada sobre isso!". 

Acompanhamos no livro a tentativa do médico de tirar ambos daquela montanha de neve. O profissional Ben Payne sabe que não tem muita chance se ficar ali parado esperando por ajuda, então arregaça as mangas e leva Ashley até alguém que possa ajudá-los. Essa trajetória, que costumo chamar de jornada do herói, é nítido nesse livro. Nítido e muito bem escrito. 

Apesar de parado em muitos momentos, afinal estamos falando de duas pessoas cansadas demais para conversar e prestes a morrer, o livro tem a velocidade necessária para esse tipo de narrativa. Cansativo, talvez, até pelas explicações médicas do doutor acerca das condições físicas de ambos, mas pessoalmente isso não me irritou. Como disse, aqui tudo é necessário. 

É um bom livro. Belo, crescente como deve ser, e comovente na medida certa. Não tem como acabar a leitura sem sentir uma gastura nos olhos. A gente fica se questionando se torce pelo correto pelo ponto de vista ético, ou se vai atras do conceito de romantismo que nos faz suspirar. 

É... de fato um bom livro. 

Resenha de "O Medo mais Profundo" (Harlan Coben)

Título: O Medo mais Profundo
Autor: Harlan Coben
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Na época da faculdade, Myron Bolitar teve seu primeiro relacionamento sério, que terminou de forma dolorosa quando a namorada o trocou por seu maior adversário no basquete. Por isso, a última pessoa no mundo que Myron deseja rever é Emily Downing. Assim, ele tem uma grande surpresa quando, anos depois, ela aparece suplicando ajuda. Seu filho de 13 anos, Jeremy, está morrendo e precisa de um transplante de medula óssea – de um doador que sumiu sem deixar vestígios. E a revelação seguinte é ainda mais impactante: Myron é o pai do garoto.Aturdido com a notícia, Myron dá início a uma busca pelo doador. Encontrá-lo, contudo, significa desvendar um mistério sombrio que envolve uma família inescrupulosa, uma série de sequestros e um jornalista em desgraça.
Nesse jogo de verdades dolorosas, Myron terá que descobrir uma forma de não perder o filho com quem sequer teve a chance de conviver.

É bem difícil eu dar cinco estrelas para um livro policial. Primeiro porque não é um gênero que me agrade sempre, visto que sou chegada num drama e esse tipo de livro costuma ser bastante pragmático, e depois porque quero tudo comparar a Agatha Christie e Conan Doyle, e jamais haverá comparação possível. Não para mim. Então eu de fato fiquei impressionada quando acabei o livro e percebi o quão incrível ele era. Não li muito Coben, mas dentre os que li, O Medo mais Profundo ganha em disparada dos demais. 

Nesse título voltamos a ver mais um pouco da vida de um dos meus personagens prediletos da literatura policial, Myron Bolitar. Dessa vez tentando desvendar o caso do desaparecimento de um doador de medula óssea que salvaria o filho de uma antiga namorada e, pelo o que ela diz, filho dele também. Imagina como Myron não fica com essa nova informação em sua vida?!

Uma das coisas que acho mais interessante nos livros do Myron é a sua condição enquanto personagem. Não é um detetive, nem policial, nem nada que pareça comum nesse tipo de romance. É um agente esportivo a quem pessoas buscam para resolver "crimes" ou coisas semelhantes. E ainda que ele não tenha formação específica no assunto, o filho da mãe é fantástico como investigador. 

Nem vou ficar narrando sobre o incrível senso de humor que Myron tem. E quando se junta com Win, o melhor amigo, é garantia de boas risadas, ainda que seja durante uma cena tensa. Um desses piadistas que mereciam um palco de stand up. Tá, não vou dizer que ele também não fica muito bem no papel do "cara mal", quando necessário, mas como Win diz, ele não tem essa tendência e fica péssimo toda vez que precisa ser mal. É de uma moralidade sem igual, e quando vem atingir o pico de agressão, é porque foi levado a algum beco sem saída. 

Deixando as características maravilhosas do protagonista de lado, podemos nos focar ao enredo simples, porém delicioso, desse livro. Acredito que o fato da problemática "acabei de descobrir que sou pai de um adolescente" tenha sido um dos fatores que mexeu emocionalmente comigo, como mexeu como o Myron. Porque mesmo que o foco seja a questão do mistério envolvido no desaparecimento do doador, existe sempre aquele fundo pesado sobre toda a situação. O garoto não sabe de nada, foi criado por um pai diferente, e que Myron pessoalmente detesta. Os fatores ao redor de toda a problemática são incríveis de bem trabalhados, e não podia deixar de me emocionar quando Myron colocava o lado tão humano dele para fora nessa situação. Seja no desespero em achar o doador, ou apenas em lidar com a condição de saúde do garoto. Garanto cenas singelas e belíssimas. 

Como sempre, Coben faz um trabalho delicinha montando a teia do mistério envolvendo o doador. De uma forma que vai até além do que se espera. Se uma teia normal tem pontos específicos, esse autor costuma explorar o "debaixo dos panos". Aquilo que ninguém costuma dar importância. Você senta para ler e fica comendo as unhas até a última página, eu fiquei. A ligação com o caso é muito maior do que o normal, por conta do filho, então os nervos estão a flor da pele tanto para o protagonista, quanto para o leitor. 

Apesar de não ser especialista em Coben, ou mesmo em Myron, eu posso dizer que esse livro é simplesmente delicioso em toda a sua extensão. Não tem momentos perdidos ou desnecessários. Tudo aqui é bem feito e, pelo menos comigo, foi altamente bem aproveitado. Fazia tempo que não me ligava a algo nesse gênero, e foi uma grata surpresa quando acabei de ler e fiquei olhando o teto, tentando entender meus sentimentos tão sensíveis por ele. 

Enfim, indico de olhos fechados, seja você apreciador de romances policiais, ou não.