Resenha de "Para Sir. Phillip, com amor" (Julia Quinn)

Título: Para Sir Phillip, com amor
Autor: Julia Quinn
Editora: Arqueiro (Cedido em parceria)
Comprar: Livraria Saraiva

Sinopse: Para Sir Phillip, Com Amor - Eloise Bridgerton é uma jovem simpática e extrovertida, cuja forma preferida de comunicação sempre foram as cartas, nas quais sua personalidade se torna ainda mais cativante. Quando uma prima distante morre, ela decide escrever para o viúvo e oferecer as condolências. Ao ser surpreendido por um gesto tão amável vindo de uma desconhecida, Sir Phillip resolve retribuir a atenção e responder. Assim, os dois começam uma instigante troca de correspondências. Ele logo descobre que Eloise, além de uma solteirona que nunca encontrou o par perfeito, é uma confidente de rara inteligência. E ela fica sabendo que Sir Phillip é um cavalheiro honrado que quer encontrar uma esposa para ajudá-lo na criação de seus dois filhos órfãos.
Após alguns meses, uma das cartas traz uma proposta peculiar: o que Eloise acharia de passar uma temporada com Sir Phillip para os dois se conhecerem melhor e, caso se deem bem, pensarem em se casar?
Ela aceita o convite, mas em pouco tempo eles se dão conta de que, ao vivo, não são bem como imaginaram. Ela é voluntariosa e não para de falar, e ele é temperamental e rude, com um comportamento bem diferente dos homens da alta sociedade londrina. Apesar disso, nos raros momentos em que Eloise fecha a boca, Phillip só pensa em beijá-la. E cada vez que ele sorri, o resto do mundo desaparece e ela só quer se jogar em seus braços. Agora os dois precisam descobrir se, mesmo com todas as suas imperfeições, foram feitos um para o outro.

Os livros de romance de época da Arqueiro sempre trazem uma parte do primeiro capítulo do título seguinte a ser publicado da série nas últimas páginas do título atual. É uma boa jogada de marketing para prender o leitor e deixá-lo curioso, e super funcionou comigo essa jogada, porque as primeiras páginas de Para Sir. Phillip, com amor são simplesmente encantadoras. 

Eloise é uma das irmãs que o leitor pouco conhecia até o volume anterior, quando ela aparece com frequência por ser a melhor amiga da Penelope, que faz par com Colin. Já naquele livro vemos que Eloise anda diferente e bastante misteriosa, o que deixa a família curiosa sobre o seu comportamento, mas nada que causasse alarde. E quando vamos para o livro dela (esse) vemos uma mocinha muito impulsiva e maluca logo no início, depois da apresentação do personagem taciturno de Sir. Phillip. 

Eles se conheceram com uma simples troca de cartas, por conta do luto do homem. E desde então desenvolveram uma ligação que fez Sir. Phillip pensar que Eloise poderia ser uma boa mãe para seus filhos já crescidos. Sugere a ideia para ela, que não pensa duas vezes antes de arquitetar uma fuga de casa para poder se encontrar com ele, se hospedando em sua casa na intenção de conhecê-lo melhor. Só que o ideal romântico que Eloise achou existir em Phillip era puramente ilusório. Ele só queria se livrar do fardo de ter que tomar conta dos gêmeos, e trabalhar em paz em sua estufa, o que fazia por horas. Só que vista a idade avançada dela, a garota começa a pensar que aceitar o fardo de Phillip possa não ser tão ruim assim. 

O negócio é que esse é o livro mais diferente da série dos Bridgerston que li até agora. Tem essa particularidade interessante sobre o mocinho ser um viúvo com duas crianças pequenas, e de Eloise ter a impulsividade de fugir de casa para ir ao seu encontro. Das mulheres da família que conheci até o momento, ela é a minha predileta justamente por essa maluquice. Fez algo altamente indecente para a época, e isso gera um desconforto na sociedade em relação a ela. Em resumo, o nome da garota estava jogado na medina. rsrs

Apesar de ter esse diferencial que adorei, não achei que Julia soube aproveitar o potencial que essa história tinha. Como sempre focou nos dois protagonistas, esquecendo de algo muito importante na história, que eram os filhos de Phillip. É como se o leitor lesse esperando o momento em que eles finalmente teriam algo a mais (se é que me entende), quando as crianças eram o motivo que fez o homem pedir a mão de Eloise desde o princípio. Eles eram o núcleo da trama, e talvez por ser o primeiro livro a trazer crianças do casamento anterior, a autora se perdeu um pouco. 

Os pequenos ainda estavam abalados pela perda da mãe meio maluca, e eram umas pestes de danados. E a autora até começou a trabalhar bem essa animosidade entre eles e Eloise, mas esqueceu disso em algum ponto da história e fez as crianças mudaram da água para o vinho em questão de poucas páginas. Isso me deixou meio chateada, não vou mentir. Eu estava adorando esse lance de Mary Poppins! 

Mas como a série tem um público muito fixo e que espera exatamente aquilo o que a autora fez, não acredito que os leitores sentiram isso como eu senti, pelo menos não a maioria. Julia mantém a escrita deliciosa dela e traça bem o psicológico dos personagens principais. Não amei Sir. Phillip, mas super entendi a proposta dele como personagem dentro dessa trama. 

O melhor para mim foi, com certeza, a invasão dos irmãos de Eloise na vida dos dois. Nunca mais tinha os visto tão unidos e em cenas tão cômicas como aconteceu nesse. Somos apresentados a um Gregory adulto altamente malandro e impulsivo, e voltamos a ver as características que tanto amamos em Colin, Antony e Benedict. Sério, amo esses quatro, e foi muito bom vê-los agir como irmãos novamente. 

Enfim, não foi meu livro predileto da série, mas Julia cumpriu a proposta dela. Certamente você vai se divertir, e dar uma ou duas risadas gostosas, porque esse abre espaço para isso. Todos os livros dessa série estão se provando deliciosos. Super recomendo.