Resenha de "Silo" (Hugh Howey)

"Bom demais!"

Sinopse: O que você faria se o mundo lá fora fosse fatal, se o ar que respira pudesse matá-lo? E se vivesse confinado em um lugar em que cada nascimento precisa ser precedido por uma morte, e uma escolha errada pode significar o fim de toda a humanidade?Essa é a história de Juliette. Esse é o mundo do Silo.
Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo. Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras.
Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo.
Um crime cuja punição é simples e mortal.
Elas são levadas para o lado de fora. Juliette é uma dessas pessoas. E talvez seja a última. (SKOOB)


Vocês sabem que é só falar em distopias, que meus dedos coçam e meus olhos piscam de vontade de ler. Foi assim com a maioria dos livros distópicos que li, e foi assim com Silo, que comprei pela Amazon quando ainda nem tinham lançado, e recebi na madrugada do dia do lançamento, e só fechei os olhos para dormir quando não consegui mais ficar acordada. 

Li uma entrevista do autor onde dizia que Silo começou como um conto. Ele foi publicado na Amazon como um conto, e depois que as pessoas piraram para ele continuar o que ele havia começado, foi que a estrutura mais profunda do Silo se pronunciou. Eu pessoalmente sou fã de autores que começam se jogando nos e-books e depois são encontrados por editoras que estão desesperadas por um sucesso que elas negaram de início. Burras! 

Silo começa contando a história de Holston, que é o protagonista do conto que iniciou Silo. Você sabe por alto como funciona a sociedade, e conhece os personagens principais que rodeiam a trama mais bruta da coisa. É nessa primeira parte com Holston, que você entende sobre o lance da limpeza, que é quando alguém sai do Silo porque foi condenado ou simplesmente pediu para sair, e morre devido aos gases tóxicos do lado de fora. É aqui que rola a ambientação da história, e tudo de importante que você precisa entender sobre a estrutura funcional de dentro do Silo. Holston pede para sair, e ele tem um bom motivo para acreditar que está fazendo a coisa certa, mas quando termina essa primeira parte dele, você pensa que foi enganado dentro de uma outra enganação. Complicado? Pode até ser, mas também é genial!

A segunda parte da história tem muitos protagonistas, mas a principal é Juliette. Uma mulher que trabalha na mecânica do Silo, em um dos últimos andares, e que se mete em uma grande encrenca depois que alguém importante morre e ela começa a xeretar demais. 

Silo é um primeiro livro do caramba para se começar uma série distópica! Claro que você não entende totalmente o que aconteceu com o mundo para que as pessoas precisassem se esconder dentro de um grande Silo, mas o autor vai conduzindo a trama de uma forma que chega a ser roteirizada e simplesmente perfeita, te contextualizando em tudo. Não é um livro que tenha aquela coisa adolescente cheia de mi mi mi, na verdade, só temos pontas de pessoas novas, todos os pontos de vista nessa história são de adultos, e às vezes bem velhos. Isso também é maravilhoso porque atribui uma maturidade essencial a algo forte como uma distopia. 

Já vou comunicando para quem vai esperando um romance, que tire o cavalinho da chuva. Aqui o negócio tem um peso significativo quanto ao desenvolvimento dos acontecimentos e entendimento dos personagens. E como vemos o Silo de diferentes andares e por diferentes vozes, os personagens são só uma base de sustentação do real significado daquilo. É como eu disse lá em cima... quando você acha que descobriu que foi enganado, então você é enganado novamente e fica doido quando descobre disso também. O autor colocou um sub-contexto dentro de um contexto que me deixou totalmente perplexa. Tinha horas em que fechava o livro porque não acreditava que aquilo pudesse ser real, apesar de ser crível. 

Howey escreve muito bem as cenas de ação. Fato! 
Ele conseguiu colocar uma poesia em batalha, que chega a ser sacrilégio de tão adoradora. As mentes dos personagens não são boas o tempo inteiro, bem pelo contrário. Aqui não tem mocinhos e vilões propriamente ditos, até porque Howey é um autor que sempre vai te surpreender. Então se você acha que aquele "vilão" é tão vilão assim, lembre que toda guerra tem dois lados, e que nem sempre eles precisam estar errados dentro da sua cultura de vivência e dever moral. 

Se você curte mais os distópicos jovens, que tenham aquele casal, e que sempre tem alguém para cuidar de alguém, não vá com muita sede a Silo. Ele tem maturidade, e como tal, os personagens são sozinhos e seguros de si, mesmo que exista aquele fundo de amizade, e que a amizade gere atitudes inesperadas. Na verdade, não é a amizade que gera isso, mas ela entrega o fósforo para que o pavio seja acesso. Claro que há amor, de toda espécie de amor, mas é um amor que não passa por cima de coisas mais importantes. Não aqui, nessa fase da história. 

Tudo bem que esse é o primeiro livro, e que os protagonistas tem muito a crescer durante toda a série, e espero realmente que esse crescimento sentimental exista. Por enquanto, são pessoas prestes a explodir dentro de uma jaula sem luz solar e cheia de mentiras dentro de mentiras. 

Eu AMEI Silo! Por ser adulto, por ser original dentro de uma distopia, e por me deixar de queixo caído com a possível causa do "mundo distópico. Indico de verdade!