Resenha de "Conquista" (Ally Condie)

 "Faltou aquele tcham"

Sinopse: Em uma Sociedade que não permite escolhas nem imperfeições, um pequeno erro pode ser o elemento que faltava para iniciar uma revolução. 'Conquista' é a continuação de Destino e Travessia. No livro, a autora retoma a história de Cassia Reyes, jovem que pertence a uma sociedade controlada por um Estado totalitário ainda que nele não haja pobreza e a população tenha acesso a direitos básicos, como alimentação, moradia e emprego. O futuro de Cassia não poderia ser mais incerto agora que ela resolveu seguir para as sombrias Províncias Exteriores, campo de extermínio dos cidadãos banidos pela Sociedade. Ela está à procura de Ky Markham, com quem desenvolveu uma relação proibida, e que havia sido aprisionado, com um destino que se encaminhava para a morte certa.  (SKOOB)


Bom, vocês sabem o quanto sou doida por distopia. Qualquer uma que apareça e eu já estou correndo para tentar ler. Foi assim com Destino, uma série que já tinham dois livros lançados quando comecei a trabalhar apenas com literatura no blog. Conquista fecha essa trilogia. Não fiquei muito feliz com esse desfecho, mas tenho que dizer que ele foi digno da série como um todo. 

Como sempre quando falo de séries, não vou me atentar a sinopse e ao que o livro trata. Vocês podem dar uma olhada nas resenhas anteriores e tirarem suas próprias conclusões. Basicamente a história anda ao redor de Cassia, Ky e Xander. Nesse livro finalmente vemos a voz de Xander, o que me deixou extremamente feliz e encantada por ele. 

Pontos positivos: Não posso negar que a escrita da autora é pra lá de poética. O meu livro está todo marcado com quotes maravilhosos e passagens incríveis. Pessoalmente tem um trecho que achei genial quando ela explicou como era se apaixonar por alguém, mas que mesmo amando uma pessoa, tem coisas e lugares que te lembrarão de outras. Foi uma passagem boba, mas ficou muito, muito boa. 

Pontos negativos: Numerados em ordem alfabética, talvez? rsrsrs (brincadeira)
Bom, esse é o livro do estouro. O livro que deveria rolar toda a bagaceira que os livros distópicos tem que ter. Mas cade esse estouro? Fiquei o tempo inteiro esperando pelo momento "combate", mas ele nunca aconteceu e esse foi o grande problema desse livro. Ele é altamente filosófico, mas pouco substancial quanto aos fatos. Era um lenga lenga terrível de Cassia, Xander e Ky. Chega a ser irritante o tanto que eles pensavam e o pouco que eles agiam. Na verdade o pouco que a autora nos mostrava do resto do mundo. 

A ideia dela na concepção do final foi interessante e me deixou até bem surpresa, o grande problema foi com a execução disso. O mundo voltou ao colapso e todo mundo fica em casa vendo TV? Mas que porra é essa? Só Cassia, Ky, Xander, Indie e Lei estão lutando?

O livro é linear demais para o meu gosto. Entenderia dentro de outro gênero, mas dentro de uma distopia é quase inaceitável. Talvez naquelas mais antigas, mas essas recentes pede velocidade, a autora não tem isso. Quase 400 páginas de uma blá blá blá que poderia ter sido reduzido pela metade se ela quisesse nos polpar de cenas entediantes e momentos "WTF". 

Passei bastante tempo tentando finalizar o livro. Lia algumas páginas e parava porque não conseguia. Mas como sou uma pessoa que tem pavor de abandonar livros, e por esse ser um livro de finalização, então eu me forcei a terminar. 

Sei que reclamei mais do que elogiei, mas é que os defeitos foram gritantes. Gosto da escrita da autora de modo geral, por mais que ela tenha problemas com combates. rsrsrs. Gosto da poesia e da mensagem que os livros dela deixam, mas não gosto da construção deles. Pensei em desistir em Destino, mas acabei lendo Travessia e me vi na obrigação de ler Conquista. Foi bom ver como Cassia, Ky e Xander terminam essa série, mesmo que alguns problemas acerca da Sociedade ainda existissem na minha cabeça e no meu coração. Em resumo: Nada é totalmente explicado acerca da Sociedade. Na verdade quase nada é explicado como deveria, a não ser sobre os personagens. 

Sobre nossos mocinhos? Bom, eu sempre fui doida por Ky, mas Xander nesse livro se superou. Ela criou um personagem forte e decidido, mas ele também tem uma leveza que é muito importante nesse livro. E devo dizer que a Ally construiu um triângulo que não nos deixa desconfortáveis, pois cada um sabe do seu dever em relação ao outro. É como o resto do livro: Plano. Tudo aqui é plano demais. 

Enfim, foi um livro que me incomodou porque esperava uma bagaceira que não aconteceu, mas foi um livro justo com o final justo para uma série que sempre será de quatro estrelas. 
Se você curte distopias como Jogos, Divergente e Maze Runner, vai enlouquecer de tédio aqui. Mas se você é mais filosófico e poético do que ativo, tenta essa série, ela é perfeita para você. 

Fecho uma série no blog de forma digna.


NÃO ENTRES NESSA NOITE ACOLHEDORA COM DOÇURA (Dylan Thomas)

Tradução: Ivan Junqueira


Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Pois a velhice deveria arder e delirar ao fim do dia;
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

Embora os sábios, ao morrer, saibam que a treva lhes perdura
Porque suas palavras não garfaram a centelha esguia
Eles não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os bons que, após o último aceno, choram pela alvura
Com que seus frágeis atos bailariam numa verde baía
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

Os loucos que abraçaram e louvaram o sol na etérea altura
E aprendem, tarde demais, como o afligiram em sua travessia
Não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os graves, em seu fim, ao ver com um olhar que os transfigura
Quanto a retina cega, qual fugaz meteoro, se alegraria
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

E a ti,meu pai, te imploro agora, lá na cúpula obscura
Que me abençoes e maldigas com a tua lágrima bravia
Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.