Resenha de "A outra vida" (Susanne Winnacker)

"Pode melhorar..."

Sinopse: O mundo de Sherry — de uma hora para outra — mudou completamente. Por causa de um vírus muito contagioso, as pessoas que ela costumava conhecer, e quase todas as pessoas de sua cidade, Los Angeles, na Califórnia, se transformaram em mutantes assustadores. Esses mutantes têm uma força excessiva, são ágeis, o corpo é coberto de pelos, eles lacrimejam um líquido imundo e… comem gente! Portanto, não há muito o que fazer — talvez tentar fugir — quando se encontra algum deles. A não ser que você tenha ao seu lado a força e a determinação de um jovem como Joshua. Joshua perdeu uma irmã para os mutantes e sua raiva é tão grande que ele seria capaz de vingar todos aqueles que perderam alguém para as criaturas. No entanto, para que esta revanche aconteça, é preciso prudência. Afinal, até que ponto a disseminação deste vírus foi uma coisa realmente natural? Que poderosos interesses estão por trás desta devastação? E será que Joshua e Sherry conseguirão ter a cautela necessária para lutar contra as criaturas justo agora que seus corações estão agitados pelo começo de uma paixão? (SKOOB)

Mais uma distopia na área, e gostaria de dizer que ela me atingiu como a maioria das distopias, mas isso não aconteceu. Pelo menos no sentido que deveria ter acontecido.

Acompanhamos a história pelo ponto de vista de Sherry, uma adolescente que passou os últimos anos da sua vida confinada em um abrigo subterrâneo junto com sua família. Aparentemente um vírus atingiu o país e as pessoas foram orientadas a procurar abrigos. Como seu pai construiu um na própria casa, não foi preciso que eles fossem para um dos abrigos municipais.

Mas imagine que o governo pediu para as pessoas ficassem confinadas apenas por algumas semanas, só até o ponto que o vírus fosse contido. Imagine que eles tivessem dito que avisariam quando tudo estivesse limpo. Imagine ainda que anos se passaram sem notícias deles, e que o que começou com comida em abundância, terminou com eles passando fome até o ponto de não ter mais nada para comer.

Então o pai de Sherry resolve sair do abrigo para procurar comida, e ela resolve ir junto. Logicamente que dá para entender que alguns problemas ao estilo Walking Dead acontecessem, o que pega Sherry e o pai de surpresa. E eis que mais alguém aparece para salvar a garota desse momento desconhecido. *-*

Ok, aparentemente o enredo inicial é esse, e talvez seja só o que posso contar a vocês. O livro é fino e com letras grandes, então ele é rápido de ler. Pelo o que entendi é uma duologia, e o segundo já tem previsão para ser lançado ano que vem, o que espero que se cumpra.

O que acontece com esse livro é que em algum momento da história a autora quis adiantar o enredo, e o negócio passou a ser corrido demais. Sei que deu para entender tudo direito, mas eu não consegui me conectar aos personagens como deveria.

O começo dele é sociologicamente melhor do que o resto do livro. Veja bem, você está ali contando uma história de um grupo de pessoas que estão confinadas e tentando sobreviver sem comida. As situações que a autora cria no começo do livro são ótimas e tem tudo haver com pessoas lutando contra a fome e a loucura. Mas dai depois ela se lembra da ação, lembra-se de falar sobre o que aconteceu com o mundo, lembra-se de incluir um romance, mas esquece o lado mental disso tudo. É como se Sherry soubesse que o mundo que ela conhecia não é mais o mesmo, mas estivesse normal com isso.

Chorões. É a forma com a qual eles se referem aos zumbis. Gostei dela ter dado um nome diferenciado a eles, e estou ansiosa para saber se ela dará uma explicação maior sobre isso tudo no próximo volume. Mas digo a vocês que essas pobres pessoas infectadas não são nada além de vítimas de um organismo muito maior e bem mais macabro. Terminei o livro pensando em outras distopias que li e que tem a mesma linha dessa. É como se pessoas fossem jogadas dentro de uma redoma e alguém tivesse dito a ela em algum momento que aquilo era o mundo inteiro que elas conheciam. Sabe aquele filme "A vila"? Pois bem, o contexto social é bem aquele. Acho isso genial, mas vai depender muito do que a autora vai fazer com o próximo livro.

Sobre o romance, não poderia ser mais bacana! Tudo bem que não é nada muito bem construído com o tempo, mas é seco, como na maioria das vezes quando as pessoas estão vivendo achando que não acordarão no próximo dia. Gosto de construções assim.

Joshua é maduro para a idade e não tem medo de se arriscar, muito pelo contrário, perigo é com ele mesmo. Tem uma qualidade ótima no que se refere a Sherry, ele não tenta super protege-la, e isso é genial! Eles juntos são perfeitos em combate, e tem momentos em que a parte de adolescentes deles aparece e tudo parece ficar mais fácil. Tem uma cena dos dois no telhado, e é uma cena de ação, que ficou muito bem escrita e ficaria perfeita em um filme. Amei!

Enfim, não foi a melhor distopia que li na vida porque não senti a profundidade que a maioria desses livros pede, mas foi um ótimo livro para entreter quem curte o gênero.
Vou esperar pela continuação e ver como a autora vai fechar essa duologia.