Resenha de "O que aconteceu com o adeus" (Sarah Dessen)





"Tenso e real"

Sinopse:

Desde o amargo divórcio de seus pais, McLean e seu pai, um consultor de restaurante, se mudaram para quatro cidades em dois anos. Separada de sua mãe e da nova família de sua mãe, McLean seguiu com seu pai para deixar o passado infeliz para trás. E cada novo lugar dava-lhe a chance de experimentar uma nova personalidade: de líder de torcida a diva do drama. Mas agora, pela primeira vez, McLean descobre um desejo de ficar em um lugar e apenas ser ela mesma, quem quer que ela seja. Talvez Dave, o cara da porta ao lado, possa ajudá-la a descobrir. Combinando a marca registrada da escrita graciosa de Sarah Dessen, ótimos personagens, e a atraente história, What Happened to Goodbye é uma leitura irresistível. (SKOOB). 
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Porque é tão difícil dizer adeus? Porque será que a palavra nos remete a um tempo e um espaço tão espiritual? Dizer adeus não é apenas um tchau. Existe um milhão de portas de entrada, o que torna fácil começar, mas só existe uma porta de saída e, antes que se consiga passar por ela, temos que enfrentar nossos medos, nossos sonhos, nós mesmos.

Essa é a premissa desse livro.

Ele é composto de singularidade sentimental juvenil, um recurso que uso bastante no livro que estou escrevendo. Ele nos dá uma adolescente que tem muito mais na cabeça do que fashionismo e garotos; ela é o resultado do seu passado. 

A história nos dá uma garota que vivenciou o divórcio dos pais e optou morar com o pai, o seguindo por muitas cidades em espaço de tempo curto, pois ele trabalhava como um consultor de restaurantes. Sem casa fixa, sem amigos fixos, sem nome fixo. Sim! McLean adota um nome novo para cada cidade em que chega. Ela e o pai acabam em mais uma missão de salvar um restaurante e nessa cidade nova, por consequência de tantos fatos, ela acaba usando o seu próprio nome, conhecendo um vizinho bem diferente, e redescobrindo ela mesma.

O livro tem muito de reconhecimento próprio. Nos colocamos na cabeça da protagonista tentando encontrar uma saída para seus dilemas, e muitas vezes enxergamos os nossos problemas emaranhados nos dela.

Tive momentos de ter raiva com essa leitura. Raiva dela pela falta de fé em relacionamentos (Quando eu mesma não acredito), da forma ausente (sem intenção) do pai, a forma descontraída da mãe (como se nada tivesse acontecido). Os pais dela seguiram a vida, ela se manteve presa às lembranças dessa separação.

McLean tem problemas sérios de relacionamento com a mãe, não a perdoa por tudo o que aconteceu, mesmo que o pai a diga que não tem nada haver ser mãe com ser humana e possível a erros. Confesso a vocês, eu faria a mesma coisa que ela! Tudo bem, já tenho vinte e seis anos, um filho e mesmo assim, faria o mesmo. Prova de que quando se trata de relacionamentos humanos, idade, gênero e religião, não contam em nada!

E então temos Dave. Ele é aquele carinha que não é bad boy, que não tem lábia, que não a prende na parede para beija-la. Ele é o amigo que esta sempre na calçada quando ela precisa de um ombro e um cara que atende o telefone ás duas da manhã quando ela precisa desabafar. Dave também tem problemas em casa e isso acaba os aproximando cada vez mais.


Como o livro tem esse sentimento pesado envolto nos protagonistas, ele compensa na leveza dos coadjuvantes. Os amigos de Mclean e Dave são incríveis e bem trabalhados. Sem contar as pessoas que trabalham no Luna Blue (a missão em forma de restaurante do pai). Posso dizer que além de um enredo bonito, não existe um único personagem que fosse só jogado na história; todos eles são maravilhosamente amarrados e bem desenvoltos.

O que aconteceu com o adeus nos faz refletir como lidamos com as nossas provações. Mclean resolve fugir de uma cidade, de pessoas, e do próprio nome. No final das contas acaba percebendo que fugir deles não os afastou por completo, e pensamos no mesmo a cada página lida.

Tive problemas sérios com a velocidade em que lia esse livro. Acredito que existam dois fatores: O primeiro é o fato de o livro ser em primeira pessoa, então você acompanha o pensamento de uma adolescente deprimida, isso meio que desacelera a leitura; o segundo fator é filosófico. Como o livro mexe bastante com seu psicológico, então você acaba parando de ler para assimilar o que viu. Algumas vezes me peguei chorando baixinho lendo algumas páginas. E quando o acabei me senti mal por alguns momentos.

Apesar de ter achado a leitura lenta, e disso ter me deixado nervosa em alguns momentos, achei o livro muito bonito. Ele não tem um romance forçado, ele tem um feedback sentimental incrível quando se trata do trio: mãe, pai e McLean; tem construção de personagens de fazer babar e um final, que apesar de não ser o que eu escolheria, é incrível! Sem contar, que a escrita dessa autora é uma das melhores que já vi. Apaixonada por ela!!

É um livro que te remete a valores, que nos mostra como a mente humana é complexa e difícil de ser entendida pelo ponto de vista das pessoas ao redor. Tomamos atitudes que às vezes não entendemos que depois nos arrependemos. Fazemos milhões de coisas para resgatar uma felicidade que era falsa, quando poderíamos estar procurando fazer um tipo novo de felicidade. É difícil aprender a fazer a coisa certa, e mais difícil ainda é colocar em prática uma mudança de vida.



Quotes:

- É como quando se rasga um pedaço de papel em dois: por mais que se tente, a emenda nunca se encaixa exatamente de novo. [página: 178]

- Meu mundo estava caindo aos pedaços. Então, eu gostava de criar outros. [página: 256]

(Esse livro de quotes incríveis! Escolhi esses por ter me identificado em particular com cada um).