Há alguns anos atrás, estava vendo ao filme Peter
Pan. Aquele protagonizado pelo Jeremy Sumpter e que trazia uma versão bem
infantil e deliciosa do clássico de James Barrie. Em uma das cenas do filme, a
tia dos garotos estava lendo um livro, qual minha surpresa quando o título dele
me era bem comum: Guerra dos Mundos (H.G. Wells). Lembro-me disso porque eu
sempre gostei desse livro. Nesse dia estava com um amigo, e quase que ao mesmo
tempo perguntamos um ao outro como Wells tinha tirado da sua cabeça em pleno
século XIX, a ideia de máquinas tão futuristas. Não é apenas a ideia de uma
máquina que nem se imaginou inventar, era a construção mental de algo que pode
ser feito hoje em dia, ou até, que nem hoje em dia pode ser feito. Isso chega a
ser utópico. Quantas pessoas naquela época devem ter satirizado Wells pelas
suas invenções mirabolantes? Quantas tantas desacreditaram Bell pela criação do
telefone?
Eu costumo dizer, que o sonho é precedente do
acontecimento.
Tanto Wells com suas máquinas andantes e Julio Verne
com o Nautilus, o melhor submarino do mundo que dependia de uma eletricidade extraída
do próprio mar; são invenções da cabeça de homens que viveram numa época em que
nada disso existia. Nem a remota possibilidade tecnológica de que acontecesse. Era
um mundo em ascensão, mas que começava lentamente a crescer.
Podemos dizer que a tecnologia é recente. Os estudos
sobre ela e sobre o quanto de facilidade ela pode proporcionar em nossas vidas
também é recente. Temos no máximo 100 anos de evolução nesse campo.
Profissionais que vivem para fabricar facilidades em formas de máquina foram
criados a partir de uma necessidade. Cada campo de atuação é criado a partir de
uma necessidade social.
Então... De onde esses homens tiraram essas ideias?
Boa pergunta! E se você souber mais do que eu, por
favor, me diga!
De onde cientistas tiram grandes histórias daquelas
cadeias de DNA? Eu só enxergo uma cobra torcida e colorida.
Acredito que as pessoas vêm ao mundo com suas
funções. Algumas delas vieram para sonhar com coisas que não existem, ainda; mas
que em outros mundos, em outros tempos, aquilo se acumulou em suas cabeças.
Estou falando do lado espiritual da coisa? Talvez! É
bem provável que seja.
O fato é que nossa evolução vem de ideias que
brotaram de coisas muito mais simples. Da Vinci desenhou modelos de submarinos,
Verne absorveu sua ideia e transformou em um mostro que viajava 20.000 léguas
submarinas, numa época em que eletricidade e maquinaria eram conceitos e sonhos
de alguém.
E o SteamPunk, onde fica ai?
De acordo com o Wikipédia:
Steampunk é um subgênero da ficção científica, ou ficção especulativa,
que ganhou fama no final dos anos 1980 e início dos anos 1990.
Trata-se de obras ambientadas no passado, ou num universo semelhante a uma
época anterior da história humana, no qual os paradigmas tecnológicos modernos
ocorreram mais cedo do que na História real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como,
por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor. É um estilo normalmente
associado ao futuristacyberpunk e,
assim como este, tem uma base de fãs semelhante, mas distinta.
O gênero steampunk pode ser explicado de
maneira muito simples, comparando-o a literatura que lhe deu origem. Baseado
num universo de ficção cientifica criado por autores consagrados como Júlio Verne no fim do século XIX, ele mostra uma
realidade espaço-temporal na qual a tecnologia mecânica a vapor teria evoluído
até níveis impossíveis (ou pelo menos improváveis), com automóveis, aviões e
até mesmo robôs movidos a vapor já naquela época.
O SteamPunk é uma das vertentes artísticas que mais eu gosto. E é
ela que esta chegando ao Brasil com força e com nome próprio quando falamos de literatura,
cinema, vestimentas.
Títulos como Guerra dos Mundos, 20.000 léguas submarinas e A
máquina do Tempo, não são nada novos no nosso vocabulário literário, mas a
forma de chama-los vem mudando com o tempo, e hoje em dia a gente já define
esse estilo como Steam Punk.
Existem obras mais recentes como SteamPunk POE, Anjo Mecânico,
Leviatã, Boneshaker, Airman...Entre tantos!
É uma literatura rica em maquinaria e época. Existe coisa mais
controversa?
Lógico que as mais antigas são mais preciosas, justamente porque
no passado a tecnologia era lenta. Mas hoje em dia com tantas possibilidades,
escrever SteamPunk é mais um estudo de história antiga, do que um sonho absurdo
em uma noite de ópio.
Eu pessoalmente amo o gênero. Desde a época em que eu não sabia
que ele tinha um nome.
Ler esse estilo é estar aberto a possibilidades.
Acredito que cada leitor tem um pouco de sonhador em si. Não
existe dificuldade em entender monstros mecânicos numa era gregoriana. É uma
questão de seguir uma estrada de tijolos amarelos e ver até onde vai.
Se os escritores tiverem sempre essa audácia no “inventar” podemos
esperar estilos literários novos, em uma época onde a possibilidade virou moeda
de valor.