Resenha de "Destino" (Ally Condie)





Título: Destino (Matched)
Autor: Ally Condie
Editora: Suma das letras
Número de páginas: 238
Quantidade de Quotes: 21




Sinopse:
Cassia tem absoluta confiança nas escolhas da Sociedade. Ter o destino definido pelo sistema é um preço pequeno a se pagar por uma vida tranquila e saudável, um emprego seguro e a certeza da escolha do companheiro perfeito para se formar uma família. Ela acaba de completar 17 anos e seu grande dia chegou: o Banquete do Par, o jantar oficial no qual será anunciado o nome de seu companheiro. Quando surge numa tela o rosto de seu amigo mais querido, Xander - bonito, inteligente, atencioso, íntimo dela há tantos anos -, tudo parece bom demais para ser verdade.Quando a tela se apaga, volta a se acender por um instante, revelando um outro rosto, e se apaga de novo, o mundo de certezas absolutas que ela conhecia parece se desfazer debaixo de seus pés. Agora, Cassia vê a Sociedade com novos olhos e é tomada por um inédito desejo de escolher. Escolher entre Xander e o sensível Ky, entre a segurança e o risco, entre a perfeição e a paixão. Entre a ordem estabelecida e a promessa de um novo mundo. (Skoob)
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Ok, não posso dizer que foi um livro ruim, nem mesmo porque eu me arrastei por quase duas semanas para terminar de lê-lo. Mas é fato que ele é lento. Lento a beça! 
Conhecemos Cassia, nossa protagonista, que vive em uma sociedade aparentemente perfeita. E essa perfeição toda me lembrou estar assistindo ao filme "A ILHA". Para quem assistiu lembre que eles viviam em um tipo perfeito de vida, e que tudo o que acontecia a eles era projetado e devidamente organizado por alguém. Exatamente como em DESTINO. 
O que mais gostei desse livro nem chegou perto de ser personagens. Na verdade não gostei de nenhum. Talvez umas coisas de Ky e outras de Xandy. Mas Cassia é um pé no saco! Desculpe para os apreciadores dela. Na verdade acredito que ela seja chata porque não existem coisas exageradas na vida dela, e como não tem emoção demais, acaba tendo de menos e sendo previsível em muitos momentos. Já Ky tem muito mistério nele e em tudo o que o cerca. Ky vem de um lugar que não conhecemos, viveu coisas que sabemos apenas superficialmente. Não entendo bem qual a dele, mas gosto dessa coisa de não saber mais do que é necessário. E Xandy tem toda aquela adoração por Cássia, uma coragem e tenacidade de um líder. 
O que mais me agradou nessa história foi sem sombra de dúvida foi o conceito de sociedade. 
As artimanhas que eles usaram para deixar as pessoas submissas as suas idéias e decisões. Elas não reagem, não perguntam, não discordam. São zumbis das escolhas dos superiores. 
Vivem num ambiente que é todo desenvolvido para o crescimento deles. Não faltam nada. Nem tempo. Toda a agenda do dia deles é programada para que eles fiquem bem e aproveitem o melhor da idade. Existem atividades específicas para adolescentes, crianças e adultos. Tudo tem que seguir o cronograma, e caso eles mudem o curso das coisas, eles recebem advertência. 
Não sabemos nada do mundo longe da cidade deles, além das poucas coisas que Ky desenha para Cássia. Aliás, os desenhos dele nos papéis são passagens bem cinematográficas. 
a sociedade controla o que eles comem, com quem se casam, quando vão morrer. É uma coisa tão certinha, que passa a ser mega chata! Imagine você não ter que tomar decisão nenhuma, não ter que lutar por sonho nenhum, ficar "sentado com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar" (Parafraseando Raul Seixas). E é exatamente assim que eles vivem. 
Cássia começa a questionar o sistema quando ela começa a questionar ela própria. No dia em que é escolhido o seu par, e futuro marido, dois rostos aparecem na tela para ela. E é ai quando ela percebe o quanto falho pode ser o sistema. E entre Xandy (Seu maior amigo e o rosto que todos viram) e Ky (A aberração discreta que apenas seus olhos focaram) Cássia fica na dúvida sobre tudo ao seu redor. 
A filosofia desse livro é muito boa. É uma distopia certinha. Nada de mundo acabado, nada de fome, nada de falta de esperança, na verdade eles estão tão alienados a esse controle que nem sentem necessidade de pensar em palavras como esperança. 
Não foram tirados de comida, de lazer, de amor. A única coisa que eles não tem é a liberdade de fazer as próprias escolhas mesmo que elas sejam certas. E isso meus caros, é o maior crime para qualquer pessoa. 
Somos alienados todos os dias pela mídia que nos permite conhecer o que elas querem que saibamos. A política brasileira vem fomentar essa idéia quando nos é tirado o poder do conhecimento. Mas aqui não percebemos essa alienação pela falsa sensação de liberdade.
Lembro então dos cubanos, seu país certinho e pessoas que fogem de lá porque não gostam que escolham por elas.  
Alguém lembra daquele clipe do Pink Floyd: Another Brick In The Wall?  Ele sempre me deixou apavorada.


É exatamente assim que vejo uma sociedade sem escolhas: Com rostos iguais, marchando e seguindo vozes que nunca foram delas. 
Isso é muto sério gente! 
E esse foi o único motivo que me fez gostar desse livro. 
Apesar da leitura ser arrastada, e dos personagens não terem me cativado, darei o devido crédito de ler o próximo dessa série porque fiquei curiosa quanto ao desenvolvimento dessa sociedade e curiosa quando aos modos que Cássia, Ky e Xandy encontrarão para bater de frente com o controle. 
Indico a leitura pela idéia, não pelo conjunto. Espero que TRAVESSIA seja melhor. 

Quotes:


  • A cada minuto que você passa com alguém, você entrega a outra pessoa uma parte da sua vida e toma um pouco da dela [página: 45]
  • Não entre docemente naquela boa noite. A velhice deve arder e delirar ao fim do dia. Revolte-se, revolte-se contra o apagar da luz [página: 66]
  • É por isso que eu sei que são sonhos. Porque as coisas simples, corriqueiras e cotidianas são aquelas que nós nunca poderemos ter. [página: 171]


Classificação: Esperando melhorar no próximo volume. (Três estrelas).