As vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky)







Título: As vantagens de ser invisível
Autor: Stephen Chbosky 
Editora: Rocco
Número de páginas: 223







Esta narrativa mostra como é crescer no ambiente escolar, por vezes tão ameaçador. Mais íntimas do que um diário, as cartas de Charlie são estranhas e únicas, hilárias e devastadoras. Não se sabe onde ele mora. Não se sabe para quem ele escreve. Tudo o que se conhece é o mundo que ele compartilha com o leitor. Estar encurralado entre o desejo de viver sua vida e fugir dela o coloca num novo caminho através de um território inexplorado. O mundo dos primeiros encontros amorosos, dramas familiares e novos amigos. O mundo do sexo, drogas e do Rock Horror Picture Show, quando o que todo mundo quer é aquela música certa que provoca o impulso perfeito para se sentir infinito. (Texto tirado da aba do livro).

INFINITO...

Não existe outra palavra que defina o que senti quando acabei de ler esse livro. Ele é uma mistura de agonia e inocência sem limites. Virou meu livro de ouro e estará sempre na prateleira mais próxima de alcance. Caso surge uma guerra mundial e eu tenha que fugir, terei que agarrar o primeiro que encontrar, e certamente será este livro. 
As vantagens de ser invisível é composto de cartas escritas como se fossem páginas de diários e enviadas a um remetente que não sabemos o nome, provavelmente nós mesmos. Essas cartas são escritas por Charlie. Isso mesmo, apenas Charlie, e ele deixa bem claro que esse nem é o nome verdadeiro dele.

"Chamarei as pessoas por nomes diferentes ou darei um nome qualquer porque não quero que descubram quem sou eu. Não estou mandando um endereço para resposta pela mesma razão. E não há nada de ruim nisso.É sério" [página: 12]  

O que posso dizer desse livro é que ele te faz refletir. Nada como uma guerra mundial, ou um protagonista lutando por uma doença incurável ou tentando salvar a humanidade de ataques alienígenas. Apenas um garoto comum de 15 anos com alguns problemas psicológicos e tentando superar a adolescência de uma forma que pareça mais fácil. Contudo fácil é algo que não existe no dicionário de Charlie. Para ele as coisas mais simples são grandes demais de entender, e as grandes de verdade ele apenas deixa que passe por sua pele como se fossem invisíveis. 
O garoto vem de duas perdas grandes em sua vida: sua tia e o melhor amigo. Unindo isso a uma depressão e um tipo de doença mental, temos Charlie perdido no meio de jovens cheios de hormônios e de coisas que, para o protagonista, parecem sem sentido. 
Mas a história dele começa de verdade quando o professor o diz que ele precisa "participar" mais das coisas. 

"As vezes as pessoas usam o pensamento para não participar da vida" [página: 34]

E é ai que ele conhece Sam e Patrick. Duas figuras bem incomuns e aparentemente muito mais simples que ele próprio. E se agarra a elas como se fosse a própria vida. Os amigos são extremos nessa coisa de adolescência. Então temos um livro regado de problemas de jovens: Aborto, sexo, drogas, homossexualismo, estupro, agressão física... Entre outras coisas simples assim. 
O que faz o diferencial desses assuntos nesse livro?
Simplicidade. 
Eles são tratados pelos olhos desconcertados e muitas vezes inocentes de Charlie. 
É tão sublime a forma como se trata desses assuntos que você se sente amigo dele e quer tentar ajudar de qualquer modo. É tão pessoal que você se sente invadindo uma privacidade que não é sua. 
Sabe com o que parece? Como se você tivesse mergulhado numa piscina de frente pro Charlie e não conseguisse força para subir, e quisesse realmente se afogar junto com ele. Como se o ar dos seus pulmões estivessem encharcados com os pensamentos simples dele para coisas não tão simples assim. 
Ler esse livro faz você pensar sobre o heroísmo que é viver. A maravilha que esta dentro de nós mesmos. Ele é um libertador de quaisquer sentimentos que possam existir presos em nós. 
Acompanhamos esse garoto que só quer "participar" das coisas e que percebe que não é simples fazer parte de coisa alguma. Principalmente quando se é adolescente e que se acha que o mundo inteiro desaba se você desabar. 
Me apaixonei pelo Charlie e sua família maravilhosa. Eu me senti irmã dele e muitas horas pensava em meu filho e como faço com ele o mesmo que fazem com Charlie no livro: Não o escuto. 
Acredito que muitas das doenças mentais hoje em dia sejam porque as pessoas não conseguem falar, e quando conseguem, não tem ninguém para ouvir. 

"Charlie, a gente aceita o amor que acha que merece" [página: 35]

Adoro o fato de Charlie ser um leitor compulsivo. E de como ele assimila as coisas e compara com sua própria vida. O garoto é fascinante e ao mesmo tempo atordoante. Como todo o livro. 
Terminei esse livro e fiquei olhando para o teto por horas. Procurando por sono, procurando por alguma coisa que me tirasse essa frenesi que ele me causou. Foi em vão. Trabalhei no outro dia parecendo um zumbi; contudo parecia um zumbi apaziguado de qualquer nervosismo. As vantagens de ser invisível é um daqueles remédios que te dão em hospitais e que te fazem falar besteira e fazer besteira, porque no final das contas, a seriedade é para os fracos. 
Você ganha o mundo lendo essas 223 páginas. 
Recomendo? De jeito nenhum. Eu IMPLORO que você leiam esse livro. 
Ele é sublime, sincero, real, simples e definitivamente, te faz sentir-se INFINITO. 

" Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas" [página: 221]